Sua finalidade é promover a Palavra de Deus, informar acerca dos fatos presentes e futuros, com base nas profecias já cumpridas. …Porquanto: “todo ser humano é como a relva e toda a sua glória, como a flor da relva; a relva murcha e cai a sua flor, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre”. E essa é a Palavra que vos foi evangelizada."1 Pedro 1.24-25
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
REFUTANDO O CATOLICISMO
Boa
Tarde Lucas, a Paz de Jesus.
Hoje
entrei pela primeira vez no seu site visto uma indicação de um contato no
facebook, mesmo sem saber do que se tratava.
Confesso
que devido um momento bem corrido da minha vida (estou com muitos compromissos
pendentes para fazer) eu iria apenas dar uma olhada rápida, sem fazer
questionamentos.
Porém
no começo achei interessante a sua forma de escrever e principalmente a busca
de ir a fundo no conhecimento (na maior parte dos assuntos realmente não
concordo com a sua interpretação da bíblia e dos assuntos, mas parabenizo pelo
grande esforço em conhecer cada vez mais as coisas de Deus), digo isso porque
sou católico e um dia desses um pastor de uma Igreja bem conceituada aqui da
minha cidade veio me questionar a respeito dos Santos e em algumas passagens da
Bíblia que eu peguei e mostrei e expliquei pra ele, ele já meio que deu uma
gaguejada e me disse: "é que eu não sou muito de ler a Bíblia, eu gosto
mais da parte prática...”.
Fiquei
meio revoltado com essa resposta, mas fique tranquilo que da mesma forma também
fico revoltado com católicos que mal conhecem a Bíblia e a doutrina da Igreja.
Como
disse, relutei um pouco em escrever esse e-mail devido a falta de tempo mesmo,
pois realmente não consegui ler tudo que escreveu principalmente sobre a Igreja
Católica e teria que escrever com mais calma a respeito dos assuntos tratados
para uma maior clareza, pois apesar de todas as citações que você fez, o que
existe são diferentes interpretações, e infelizmente é por isso que hoje
existem tantas Denominações diferentes.
Mas
se me permite, algumas ponderações eu gostaria de fazer. Como eu disse no
começo eu gostei da forma como você busca o conhecimento da Verdade, porém
depois que comecei a ler, achei várias partes desrespeitosas e com todo o
respeito um pouco tendenciosas para criticar a Igreja Católica. Um exemplo que
eu vi e acho desnecessário em uma avaliação, foi a utilização de dados do IBGE
para mostrar que "existem" inúmeras Igrejas católicas.
Eu
acredito que pelo seu conhecimento (e te elogio porque sei que você procura se
informar sempre), não poderia nunca se utilizar de um dado desse para querer
dizer que existem diversas Igrejas católicas. Resumindo a conversa nesse
aspecto, existe sim a Igreja Católica que deve estar de acordo com a Doutrina
da Igreja Católica. Se algum padre ou grupo está em desacordo com algo, pode
ser considerado anátema. Por exemplo, infelizmente existe padres que não
acreditam no inferno, mas por causa disso não surge uma nova Igreja Católica,
pois a Igreja Católica acredita e ponto final, então essa é a doutrina.
Existem
Padres errados, existem grupos errados dentro da Igreja Católica, claro que
existem, existiram e sempre vão existir (Por isso que falamos que a Igreja é
Santa e pecadora, pois sua natureza é divina por Jesus e humana por nós, e
nisso com todo o respeito, eu acho equivocada a sua posição de condenar a
Igreja Católica como um todo devido a erros de alguns homens que realmente
macularam e muito a imagem da Igreja.
Realmente
em alguns momentos da história (porém bem menos do que os livros de história
dizem, pois a Igreja sempre foi mais luz do que "trevas" que a
história diz) algumas pessoas fizeram alguma coisa que mancharam a imagem da
Igreja, porem condenar a Igreja por isso seria o mesmo que eu condenar a Missão
e Vida de Jesus por um dos seus apóstolos ter se perdido. Seria como eu dizer
que existia dois tipos de Jesus diferente, já que Judas acreditava em um Jesus
"político" que fosse libertar o povo.
Ora,
apesar de parecer estranha, seria a mesma comparação, se formos pegar o número
de 12 apóstolos, quase 10%, traiu e manchou a imagem de Jesus. (Realmente não é
justo falarmos isso e tratarmos dessa forma.
Como
disse, não li todos os textos, mas li também você dizendo a respeito da
Eucaristia. Acho que seria interessante você fazer um estudo melhor a respeito
disso (Afinal é o Ápice da nossa Igreja) e infelizmente você não fez um bom
estudo a respeito e colocou informações incorretas do que a Igreja Católica diz
sobre o assunto (Exemplo: Você colocou algo a respeito de que Jesus estaria
sendo crucificado e morrendo outras vezes, quando que na verdade a Igreja
Católica não ensina isso, pois o Sacrifício é único...
Por
isso vale a pena ver o que as coisas parecem e o que são de fato). Falando
nisso, percebi que você gosta de aprofundar na palavra original, então eu
recomendaria a pesquisa do verdadeiro significado da palavra "em
memória", pois apesar de no portugues parecer a mesma coisa, no texto
original existe diferenciação no significado de memória.
Passando
rapidamente pelo texto de João 6 que você citou, a seqüência de fatos é
interessante: Primeiro Jesus multiplica os pães (ou seja, Ele tem total poder
sobre o pão) e depois ele anda sobre as águas (Ele pode fazer com o corpo dEle
aquilo que Ele quiser), ou seja, não existe limitação para que Ele esteja na
Eucaristia. Mas o que eu acho que valeria a pena dar uma refletida nesse texto
ainda é que, como a Palavra nos diz, Jesus realizou muitos Milagres para que
Deus fosse glorificado e que acreditassem nEle.
Agora
eu questiono, se Jesus quisesse dizer apenas simbolicamente que era do Corpo
dEle mesmo que Ele estava falando, porque motivo muito pararam de seguir Jesus?
A Bíblia diz que eles foram embora porque acharam essas palavras duras demais.
Pergunto novamente com todo o respeito, será que se fosse apenas Simbolismo,
esse mesmo Jesus que fez milagres para revelar a Glória de Deus, não teria
gasto 2 minutinho do seu tempo para explicar que aquilo que ele estava dizendo
era apenas simbolismo??
Ora,
o que Jesus mais queria era que estivéssemos com ele, se fosse uma confusão da
cabeça daquelas pessoas, não tenho dúvidas de que Jesus teria explicado que era
apenas um simbolismo e não teria perdido esses seguidores. Jesus não é Deus da
confusão e sim da verdade... Tanto que ele ainda pergunta: Vocês também querem
ir?.. (Então, acho que vale a pena dar uma refletida nesses pontos sobre a
Eucaristia (Peço realmente desculpas por discorrer bem por cima mesmo do tema,
é que tenho compromisso daqui a pouco.
Outro
assunto que também vi uma grande distorção a respeito do assunto foi com
relação á salvação pela fé ou pelas obras. Infelizmente você não colocou da
maneira devida esse assunto. Vou somente colocar um pequeno parágrafo de uma
declaração da Santa Sé com a Igreja Luterana, a respeito desse assunto que
poderá ficar mais claro o que a Igreja pensa a respeito.
"Confessamos
juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa
de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos
renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras"
Não
é somente porque a Igreja católica pensa assim, mas eu acredito realmente que
esta definição é direta e objetiva.
Talvez
seria mais interessante você fazer uma análise do que Martinho Lutero pensava a
respeito disso, já que resumindo o pensamento de Lutero, era melhor cometer
grandes pecados (para aproveitar da graça de Deus) do que realizar boas obras..
(Sinceramente um absurdo o pensamento dele, totalmente contra o que São Paulo
diz, onde superabundou o pecado, superabundou a graça, mas logo em seguida ele
diz que não é por isso que devemos continuar pecando (Desculpe não colocar as
citações certinho, mas realmente tenho compromisso daqui a pouco na Igreja, já
até acabou meu expediente aqui no trabalho..rsrs).
Me
parece que em algum texto seu você falou do Lazaro e do rico (falando algo a
respeito que não poderia usar no sentido literário, mas sim para falar desta
atitude de boa obra...) e acho que você citou um texto de Tiago também dizendo
a respeito do Evangelho que é cuidar das viúvas e órfãos. (também referindo a
boas obras, ou seja, realmente é importante praticá-las. Peço que olhe com
calma essa declaração da Santa Sé e agora escrevendo, eu acho que seria
realmente pertinente falar um pouco dessa visão de Martinho Lutero também que
eu acho bem falha. Mas também, Lutero teve a ousadia de chamar a Carta de Tiago
como "palha", o que esperar de alguém que fala mal da Sagrada
Escritura e chegou a mudar um trecho na primeira versão.
Lucas,
gostaria mesmo de conversar mais com você, mas tenho que ir. Uma última coisa:
Parabenizo uma sugestão que você deu elogiando a Bíblia Católica Jerusalém,
pois realmente ela é muito boa. Agora não sei se você concorda comigo, mas acho
que você deveria recomendá-la mais do que a versão do João Almeida, pois nessa
falta 7 livros.
Sei
que você diz que esses livros são apócrifos, mas por estudos e comprovações
(até mesmo por parte de pastores protestantes) os apóstolos utilizavam a versão
que trazia esses livros a mais (em várias citações podemos perceber isso),
então acho mais válido confiarmos nas mesmas versões que os seguidores pessoais
e próximos de Jesus utilizavam.
Agora
vou parar de demorar e vou pro meu compromisso...
Um
forte abraço fraterno.
Que
Deus o abençoe. (Junior Souza – 27/06/2012)
Resposta
- Olá, Junior. A paz de Cristo!
Agradeço
pela mensagem enviada, e peço-lhe desculpas se for muito sucinto em minhas
colocações, pois foram muitos pontos abordados dentro de uma única carta e eu
também tenho muitas outras coisas a escrever (em respostas a cartas, artigos e
livros), então peço-lhe sinceras desculpas por não poder me alongar da forma
que deveria em cada ponto que você abordou, mas peço-lhe que pegue um ponto
específico daquilo que você discorda de mim que debateremos somente e
especificamente sobre este ponto até chegarmos a um consenso, aí então chegamos
ao próximo.
Assim
seria muito melhor, pois eu poderia refutar de forma mais abrangente os seus
argumentos e ao mesmo tempo não seria um debate meio “confuso” com milhares de
temas sendo discutidos, até porque você sabe que eu tenho muitos pontos de
discordância com a Igreja Católica, o que logicamente faz com que você tenha
muitos pontos de divergência comigo. Se formos debater sobre cada um deles,
ficaremos toda a eternidade nessas discussões...rsrs
Primeiramente
agradeço pela sua forma educada de escrever e me desculpo se não fiz o mesmo em
alguns dos meus artigos. Eu ainda tenho muito a aprender, não apenas em termos
doutrinários, como também em termos morais. Vou então comentar sobre os pontos
principais que você levantou:
1.
Você me criticou pelo fato de usar dados do IBGE contra a suposta unidade da
Igreja Católica. Eu veementemente discordo disso por várias razões. Em primeiro
lugar, porque se você analisar com atenção os sites católicos que falam das
“várias denominações protestantes”, verá que eles também usam dados do IBGE
para isso.
Em
outras palavras, por que os católicos podem usar dados do IBGE contra a unidade
protestante mas eu não posso fazer exatamente a mesma coisa e fazer uso do
mesmo recurso deles contra a unidade católica? Ora, dois pesos, duas medidas!
Se você discorda destes dados então refute o IBGE; caso contrário, se discorda
do fato de usar estes dados, então teria que discordar também de todos os
outros sites católicos que fazem precisamente a mesma coisa conosco.
Eu
sinceramente não vejo qualquer problema nisso, o único problema seria dizer que
vocês podem e a gente não. Isso é uma falácia completa e vai contra as normas
do bom senso em um debate. Se vocês atacam com “dados do IBGE”, nós podemos com
razão contra-atacar com estes mesmos dados para mostrarmos as contradições
católicas que são ainda mais evidentes.
2.
Você diz que “existe uma só Igreja Católica”, mas isso é o que todo mundo diz!
Se você for na RCC, eles dirão que “existe uma só Igreja Católica” e que é a
deles. Se você for na Igreja Ortodoxa, você verá eles dizendo que “existe uma
só Igreja Católica” e que é a deles. Se você for pro grupo da “Teologia da
Libertação”, ouvirá sempre a mesma coisa.
Então,
o simples fato de dizer que “existe uma só Igreja Católica” não muda e nem
tampouco acrescenta coisa alguma, muito menos minimiza as contradições e
divergências doutrinárias existentes entre essas várias “igrejas católicas”,
todas elas dizendo que são “uma só”, mas pregando coisas diferentes. Creio que
você retirou isso do meu artigo sobre “A Igreja Católica é a Igreja de
Cristo?”. Então você certamente poderá me responder se você crê naquilo que a
Igreja CATÓLICA Ortodoxa diz que não existe o purgatório e nem a supremacia do
bispo romano, muito menos boa parte dos dogmas marianos inventados milênios
mais tarde.
Você
também poderá me responder se você crê naquilo que a Renovação Carismática
CATÓLICA diz, acerca de cura e libertação que eles copiaram descaradamente do
pentecostalismo brasileiro, da atualidade do dom de línguas que simplesmente
não existe nas igrejas católicas tradicionais, ou nas doutrinas pregadas no
Concílio Vaticano II que são vigorosamente rejeitadas pelos mais tradicionais.
Enfim, eu poderia passar milhões de exemplos aqui, mas disse que seria sucinto.
Não nego as divergências no meio protestante – você poderia passar um monte
delas aqui também, tanto de igrejas quanto de doutrinas. Mas quem tem telhado
de vidro não deve atirar pedras no vizinho.
Se
vocês criticam tanto as “divisões” evangélicas, vocês deveriam ser o Supra-Sumo
da unidade absoluta do Cristianismo para fazerem tal acusação. Mas quando
tiramos pra fora a sujeira escondida debaixo do tapete, vemos que vocês também
tem tantas contradições consigo mesmos que seria hipocrisia falar do próximo.
Como Jesus disse: “Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco
do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu
olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão”
(Mt.7:4,5).
3.
Você disse que “acho equivocada a sua posição de condenar a Igreja Católica
como um todo devido a erros de alguns homens que realmente macularam e muito a
imagem da Igreja” e alegou também que “condenar a Igreja por isso seria o mesmo
que eu condenar a Missão e Vida de Jesus por um dos seus apostolos ter se
perdido”. Sinto muito, mas vou ter que discordar deste ponto também.
Se
você ler meus artigos com atenção, verá que eu rarissimamente toco em algum
ponto particular de alguma pessoa para ferir toda uma instituição (como seria
no “exemplo de Judas” que você passou com muita exatidão). Eu não pego o
exemplo do padre Jonas ensinando os seus fieis a falarem em línguas para dizer
que toda a Igreja Católica Romana ensina a fazer o mesmo.
Eu
não pego exemplos isolados, como você induz que eu faço. É por isso que minhas
alegações são sempre fundamentadas naquilo que era (ou é) crido por toda a
Igreja de modo geral, atestado e confirmado pelo próprio papa, e só então eu
faço as minhas colocações. Por exemplo, eu faço geralmente duas alegações sobre
coisas universalmente aceitas pela Igreja Católica na Idade Média, que manchou
e corrompeu essa instituição religiosa até o limite. São elas:
a)
A “Santa” Inquisição. Ela matou, exterminou, queimou e torturou MILHÕES de
pessoas – muitas delas inocentes, incriminadas somente pelo fato de discordarem
de Roma! E ela era aprovada por TODA a Igreja, era aprovada por TODOS os PAPAS
que passaram por ela durante mais de três séculos de vigência, nenhum deles foi
contra ela ou tentou abolir tal coisa, todos eles tinham total conhecimento
daquilo que estava acontecendo e todos eles eram a favor de tal atrocidade
humana sem precedentes. Este definitivamente não foi um “caso isolado”!
Ocorreu
durante três séculos, o próprio Papa (João Paulo II) teve que pedir perdão por
tal atrocidade anti-humana (e não se pede perdão por algo que não fez!), e se
tal coisa fosse correta estariam torturando e queimando gente até hoje! Em
outras palavras, a Igreja sujou suas mãos com montões de sangue inocente
derramado em martírio, abominação tal que foi aprovada com o consentimento dos
papas e de todo o clero da Igreja Católica, que terá que prestar contas a Deus
por todo o mal que causou.
b)
A venda de indulgências. No início, Lutero acusava Tetzel de vender
indulgências sem o consentimento do papa, pois pensava que tal coisa era um ato
isolado da parte dele, e escreveu as 95 teses acusando tal homem contra o papa,
ainda crendo que o papa não tinha conhecimento disso e que, quando tivesse,
iria condenar vigorosamente tal absurdo.
Porém,
quando o papa leu as 95 teses que condenavam as indulgências, ele, ao invés de
condenar Tetzel, condenou Lutero! Quando Lutero viu que o próprio papa (que
pensava não ter nada a ver com o assunto) também estava por trás disso tudo e
ainda estava querendo construir uma Basílica de São Pedro e enriquecer com base
na venda da salvação (ou da libertação das “almas do purgatório”), começou a atacar
vigorosamente o papa.
Em
outras palavras, a venda da salvação era um completo absurdo praticado na Idade
Média e que ninguém em sã consciência faria o mesmo nos dias de hoje, mas
naquela época em aprovada pelo papa e, consequentemente, pela Igreja Católica!
Se você fosse pobre, estava perdido, coitado de você. Mas, se fosse rico,
poderia cometer o pecado que quisesse (até mesmo o de “violentar a mãe de Deus”
[tese 75]) que, se pagasse ($$$) a eles, estaria completamente absolvido! Ou
seja, podia pecar e pecar a vontade, fornicar, assassinar, adulterar,
blasfemar... que bastava-se que, “tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a
alma sairá voando do purgatório para o céu” [tese 27].
Como
bem disse Lutero:
“Por
que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema
necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se
redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a
construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?” (Tese 82)
Portanto,
caríssimo Junior Souza, eu não estou usando “exemplos isolados” (se fizesse
isso, poderia escrever um LIVRO de acusações maior que a Bíblia!), mas casos
específicos que foram aprovados pela Igreja de forma geral, cridas pelo clero e
que passaram pelo consentimento dos papas ao longo dos séculos – com a sua
conseqüente aprovação. E isso eu creio que resume toda a questão.
4.
Sobre a Eucaristia, você tem completa razão em afirmar que eu devo ainda fazer
um artigo espeficicamente sobre este tema, pois realmente ainda não fiz e estou
tentando encontrar uma oportunidade boa para fazê-lo (a sua exortação pode ter
ajudado muito nisso...rsrs). Este é um dos temas principais no catolicismo
romano e que mais causa divisões entre católicos, luteranos e evangélicos
atuais. Portanto, embora eu pudesse escrever milhares de caracteres agora
mesmo, vou me reservar a passar uma refutação completa aos seus argumentos
quando eu escrever – em breve – um artigo especificamente para desmentir a
transubstanciação.
5.
Sobre “sacrificar Cristo novamente na missa”, você declarou que eu “não fiz um
bom estudo a respeito e colocou informações incorretas do que a Igreja Católica
diz sobre o assunto”, dando, como exemplo, o fato de que eu disse que “Jesus
estaria sendo crucificado e morrendo outras vezes, quando que na verdade a
Igreja Católica não ensina isso, pois o Sacrifício é único”. Presumo então que
você certamente não deve ter dado uma boa lida no Concílio de Trento
(considerado infalível pelos romanistas), que contradiz essa sua afirmação e
corrobora exatamente com a minha. Vejamos com atenção as palavras ‘infalíveis’
deste Concílio:
“Se
alguém disser que no sacrifício da Missa não se oferece a Deus um verdadeiro e
próprio sacrifício, ou que o oferecê-lo não é outra coisa que dar-se-nos a
comer Cristo, seja anátema” (Cânon 3)
Ou
seja, o Concílio de Trento declara categoricamente e sem qualquer hesitação que
o sacrifício oferecido na Missa não é nem um pouquinho irreal ou simbólico, mas
um “verdadeiro e próprio sacrifício” (mais claro que isso é impossível!), e,
para finalizar, eles completam dizendo que a Missa resume-se a “dar-se-nos a
comer Cristo” (blasfêmia!). Viu a palavra “SACRIFÍCIO”, ali? Pois é, se você
não crê assim, você é “anátema” (amaldiçoado) segundo o Concílio de Trento!
É
por isso que eu estou muito longe de ser católico, pois eu não poderia crer na
verdade, eu teria que crer na Igreja Católica! Você disse com muita sabedoria
que a Missa não é uma repetição do sacrifício de Cristo (pois isso é um
completo absurdo), mas é exatamente isso o que o Concílio de Trento afirma
taxativamente. E sabe o que eu mais me impressiono com isso? Que depois dessa
você (e os demais católicos que creem o mesmo) terão que NEGAR e ABNEGAR a tudo
o que creem (pela lógica e pelo bom senso), só porque a Igreja Católica disse o
contrário!
Ou
seja, na Igreja Católica você não tem um livre arbítrio – é apenas um robozinho
da Igreja. Peço-lhe desculpas por dizer isso, mas é a pura verdade. Você pode
crer com todas as suas forças naquilo que considera ser a verdade evidente, mas
mesmo assim é forçado a renunciar tudo isso porque um Concílio escrito por
algum clérigo e aprovado pelo papa disse o contrário! Isso me lembra aquilo que
certa vez disse um monge do Mosteiro de São Bento:
“Temos
que nos submeter às determinações da Santa Igreja. Embora nossa razão rejeite
algum dogma, nossa submissão deve ser incondicional. Se isto é branco e a Santa
Igreja diz que é preto, devo-lhe acatar a decisão e renunciar à lógica”
Se
isso significa ser católico, eu prefiro seguir a Verdade e ser Cristão.
6.
Sobre a questão da fé e obras, você disse que eu fiz “uma grande distorção a
respeito do assunto”, e mostrou uma suposta declaração da Santa Sé com a Igreja
Luterana que realmente não traduz aquilo que a Igreja Católica historicamente
afirma. Como você bem deve saber, a Sola Fide (justificação somente pela fé) é
uma doutrina crida exclusivamente pelos evangélicos e negada durante séculos
pelos católicos! Por que? Simplesmente porque os católicos dizem isso daqui:
834.
Cân. 24. Se alguém disser que a justiça recebida não se conserva nem tão pouco
se aumenta diante de Deus pelas boas obras, mas que as boas obras somente são
frutos e sinais da justificação que se alcançou, e que não é causa do aumento
da mesma— seja excomungado [cfr. n° 803].
840.
Cân. 30. Se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a graça da
justificação, é de tal modo perdoada a ofensa e desfeita e abolida a obrigação
à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a pagar, seja
neste mundo ou no outro, no purgatório, antes que lhe possam ser abertas as
portas para o reino dos céus — seja excomungado [cfr. n° 807].
Em
outras palavras, a Igreja Católica crê que a salvação não é unicamente em
virtude da fé, mas sim que, mesmo quando alguém recebe de Deus a graça da
justificação, mesmo assim ele NÃO tem a sua ofensa perdoada e nem desfeita!
Agora eu só queria saber como é que alguém é justificado por Deus com a graça
da justificação e mesmo assim não é sequer perdoado!!! De qualquer forma, isso
mostra a incoerência da Igreja Católica, que uma hora crê em uma coisa, outra
hora crê em outra. Resumindo em termos simples, os católicos sempre creram que
a salvação é:
FÉ
+ OBRAS = JUSTIFICAÇÃO
Enquanto
que os protestantes, por outro lado, historicamente sempre creram que a
salvação é somente pela fé, que gera obras. Este “gerar” é o que faz toda a
diferença aqui. Você afirma de forma completamente equivocada que os
evangélicos ensinam que basta ter fé que, mesmo sem obra nenhuma e cheio de
pecados, o homem pode ser salvo.
Essa
é uma declaração que foge completamente da verdade. Para nós, as obras não são
a causa da salvação, mas uma conseqüência da mesma, como um fruto da fé. Em
outras palavras, a fé genuína (salvífica) gera obras (o fruto) de nossa parte.
Nós não somos salvos pelas obras, mas sim para as obras. E isso faz toda a
diferença! Paulo disse:
“Pois
vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus
realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de
antemão para que nós as praticássemos” (Efésios 2:8-10)
Paulo
é categórico aqui. Ele afirma que nós somos salvos pela graça, através da fé
(ponto final). Para ser mais claro ainda, ele afirma que não é por obras. Isso
liquida com o quadro católico (fé + obras = justificação) apresentado acima. A
salvação é somente pela graça, através da fé (Sola Fide). Porém, Paulo afirma
no verso 10 que nós fomos feitos para as obras.
Em
outras palavras, as obras não entram junto como a CAUSA da salvação (o que
seria “pela”), mas sim como uma CONSEQUENCIA dela (“para”). Entender isso é a
coisa mais simples do mundo, embora dificílimo para o clero católico. Os
evangélicos sempre afirmaram isso (que as obras não são a causa da salvação,
mas um fruto da fé verdadeira), então veio o Concílio de Trento que quis
desmentir isso e então disse:
834.
Cân. 24. Se alguém disser que a justiça recebida não se conserva nem tão pouco
se aumenta diante de Deus pelas boas obras, mas que as boas obras somente são
frutos e sinais da justificação que se alcançou, e que não é causa do aumento
da mesma— seja excomungado [cfr. n° 803].
Para
o Concíio [infalível] de Trento, as obras aumentam a graça. Isso é uma
aberração à luz da Bíblia que diz:
“E,
se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria
graça” (Romanos 11:6)
Paulo
afirma que as obras não podem ser incluídas como causa da graça ou do aumento
dela, doutra forma anularia a própria graça! Mas o Concílio de Trento, quinze
séculos depois, vai lá e diz exatamente o contrário! E ainda tem a audácia de
dizer que as obras NÃO são um “fruto ou sinal da justificação que se alcançou”
(o que vimos acima e que você também parece concordar comigo), mas sim a
própria CAUSA da graça da justificação!!! E pior: se você não abandona a
clareza das Escrituras para crer nisso, você é simplesmente excomungado!
7.Sobre
as acusações contra Lutero, elas já foram refutadas há muito tempo por muita
gente antes de mim, então nem vale a pena eu refutar de novo cada uma delas e
mostrar que tratam-se somente de acusações falsas e injuriosas, na maioria
delas forjada e inventada pelos
católicos para caluniá-lo, e que nunca remetem-se a livros escritos pelo
próprio Lutero, mas a coisas ditas por terceiros sobre ele. Sobre isso eu
recomendo que você acompanhe exaustivas refutações sobre essas lendas em torno
de Lutero há muito tempo propagada nos sites católicos sem credibilidade, aqui:
http://beggarsallreformation.blogspot.pt/2005/12/martin-luther-topical-master-index-for.html
http://beggarsallreformation.blogspot.pt/2006/10/pbs-presents-facts-that-luther.html
http://beggarsallreformation.blogspot.pt/p/luther-exposing-myth.html
http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2012/04/lutero-disse-que-cristo-pecou-cometendo.html?showComment=1340810380296
Então,
não há mais o que comentar quanto a isso. Só penso ser benéfico passar o que o
próprio Lutero pensava sobre este tema, e não sobre as lendas que disseram
sobre ele:
“Quando
assino à fé posição tão excelsa e rejeito tais obras infiéis, incriminam-me de
proibir as boas obras, quando a verdade é que bem quero ensinar obras da fé
verdadeiramente boas” (Martin Lutero, WA VI, 205)
Lutero
aqui refuta as lendas que já estavam se formando em torno dele, de pessoas
dizendo que ele não era a favor das boas obras ou que era liberal ao pecado,
quando na verdade ele pregava as obras que provém da fé, ou seja, que são um
fruto dela. Lutero era contra as obras como CAUSA da salvação, como os
católicos pregavam e como já vimos que é uma doutrina falsa. Mas ele era
totalmente a favor das obras “da fé”, isto é, daquelas que provém da fé
salvífica.
Aí
veio os católicos e disseram que Lutero proibia toda e qualquer obra e que era
a favor do pecado! Infelizmente Lutero, já morto, não pode se levantar do
túmulo para refutar essas calúnias, mas felizmente temos este texto escrito por
Lutero ainda vivo sobre as acusações semelhantes que eram feitas contra ele
naquela época. Portanto, temos documentado aquilo que Lutero diria se estivesse
entre nós hoje, o que refuta as suas acusações sobre ele, que você viu em algum
site católico destes que estão por aí.
8.
Sobre os apócrifos, este é outro tema que eu não pretendo me alongar muito. Mas
você pensa da mesma forma que a totalidade dos católicos – que Lutero RETIROU
estes livros da Bíblia, quando na verdade, os próprios doutores católicos da
época rejeitavam tais livros apócrifos. Sobre isso confirma TODAS as
informações historicamente confirmadas e passadas por escrito. Vejamos algumas
dessas citações dos mais famosos, ao longo dos séculos:
JERÔNIMO
"Este
prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser
aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de tal
maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado
entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro
de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor [supõe-se que seja o
Pastor de Hermas], não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de
Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito em Grego, conforme testifica sua
própria linguagem" ("Prologus Galeatus")
“E
assim há também vinte e dois livros do Antigo Testamento; isto é, cinco de
Moisés, oito dos profetas, nove dos hagiógrafos, embora alguns incluam Ruth e
Kinoth (Lamentações) entre os hagiógrafos, e pensam que estes livros devem
contar-se por separado; teríamos assim vinte e quatro livros da Antiga Lei”
(Prefácio aos Livros de Samuel e Reis. Em Nicene and
Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 489-490)
"E
assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto
público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam
estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as
doutrinas da Igreja" ("Prefácio dos Livros de Salomão")
"Para
os católicos, os apócrifos são certos livros antigos, semelhantes a livros
bíblicos, quer do N.T, quer do V.T, o mais das vezes atribuídos a personagens
bíblicos, mas não inspirados, como os livros canônicos, e nem escritos por
pessoas fidedígnas nem de doutrina segura" (Introdução Geral a Vulgata
Latina, p.9)
“Como
a Igreja lê os livros de Judite e Tobite e Macabeus, mas não os recebe entre as
Escrituras canónicas, assim também lê Sabedoria e Eclesiástico para a
edificação do povo, não como autoridade para a confirmação da doutrina” (Prefácio
aos Livros de Samuel e Reis. Em Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6,
p. 489-490)
“Que
[Paula] evite todos os escritos apócrifos, e se ela for levada a lê-los não
pela verdade das doutrinas que contêm mas por respeito aos milagres contidos
neles, que ela entenda que não são escritos por aqueles a quem são atribuídos,
que muitos elementos defeituosos se introduziram neles, e que requer uma
perícia infinita achar ouro no meio da sujeira” (Epístola 107:12 - Nicene and
Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 194)
ORÍGENES
“Ao
explicar o salmo primeiro, ele [Orígenes] faz uma exposição do catálogo das
Sagradas Escrituras do Antigo Testamento, escrevendo textualmente como segue:
"Não se pode ignorar que os livros testamentários, tal como os
transmi¬tiram os hebreus, são vinte e dois, tantos como o número de letras que
há entre eles." Logo, depois de algumas frases, continua dizendo: "Os
vinte e dois livros, segundo os hebreus, são estes: o que entre nós se intitula
Gênesis, e entre os hebreus Bresith, pelo começo do livro, que é: No princípio;
Êxodo, Ouellesmoth, que significa: Estes são os nomes; Levítico, Ouikra: E
chamou; Números, Ammesphekodeim; Deuteronômio, Elleaddebareim: Estas são as
palavras; Jesus, filho de Navé, Josuebennoun; Juízes e Rute, para eles um só
livro: Sophtein; I e II dos Reis, um só para eles: Samuel, O eleito de Deus;
III e IV dos Reis, em um: Ouammelchdavid, que significa Reino de Davi; I e II
dos Paralipômenos, em um: Dabreiamein, isto é: Palavras dos dias; I e II de
Esdras em um: Ezra, ou seja, Ajudante; Livro dos Salmos, Spharthelleim;
Provérbios de Salomão, Meloth; Eclesiastes, Koelth; Cantar dos Cantares (e não,
como pensam alguns, Cantares dos cantares), Sirassireim; Isaías, Iessia;
Jeremias, junto com as Lamentações e a Carta, em um: Ieremia; Daniel, Daniel;
Ezequiel, Iezekiel; Jó, Iob; Ester, Esther. E além destes estão os dos
Macabeus, que são intitulados Sarbethsabanaiel" (Citado por Eusébio em
“História Eclesiástica”, Livro VI, Cap.25)
RICARDO
DE SÃO VÍTOR
“Os
livros apócrifos de Sabedoria, Eclesiástico, Tobias, Judite e os Macabeus,
apesar de autorizados para a leitura na Igreja, não foram recebidos como
canônicos” (Ricardo de São Vítor, Tractatus Exceptionum: Qui continet originem
et discretionem artium, situmque terrarum, et summam historiarum; distinctus in
quatuor libros. Livro II, Capítulo IX. De duobus Testamentis)
PEDRO
CELÊNSIO
“O
cânon do Velho Testamento consiste de vinte e quatro livros” (Pedro Celênsio,
De Panibus. Cap 2)
RUPERT
DE DEUTZ
“O
livro de Sabedoria não é canônico” (Rupert de Deutz, Comentário em Gênesis,
Livro III, Capítulo 31)
NICOLAS
DE LYRA
“Quando
se trata de legitimar o uso do argumento bíblico, Nicolas não somente seguiu a
visão comum das escolas por evitar interpretações místicas, mas também o uso de
livros deuterocanônicos... Para Nicolas, os livros deuterocanônicos, como
interpretações místicas, eram úteis apenas para instrução moral. Em sua
Postilla litteralis em Esdras 1:1, Nicolas justificou saltar Tobias, Judite e Macabeus
até que ele tenha comentado os livros canônicos” (Nicholas of Lyra, Postilla
literalis in librum Edsrae, BIBLIA SACRA (Lyon, 1589) vol. 2, col. 1276)
“A
segunda forma de demonstração é pela autoridade das santas e canônicas
Escrituras. Eu digo ‘canônicas’ por causa dos livros de Tobias, Judite,
Sabedoria, Eclesiástico e Macabeus, cuja autoridade não é eficaz para provar
nada que vem em disputa, como Jerônimo diz em seu Prólogo de Capacete, colocado
antes do livro de Reis” (Secundus per auctoritates sacre scripture canonice)
WILLIAM
DE OCKHAM
“De
acordo com Agostinho, como é mantido em Distich IX em vários capítulos, A
Sagrada Escritura deve ser estabelecida antes das letras e escritos de todos os
bispos e outros. Assim como temor e honra devem ser oferecidos aos escritores
sagrados da Bíblia, de forma que não se creia que eles erraram em nada, tal
temor e honra não deve ser oferecido a ninguém além deles. De acordo com
Jerônimo no prólogo aos livros de Provérbios e Gregório na Moralia, os livros de
Judite, Tobias e Macabeus, Eclesiástico e Sabedoria não devem ser tomados para
confirmar qualquer elemento de fé. Pois Jerônimo diz, como diz Gregório: a
Igreja lê os livros de Judite, Tobias, e Macabeus, mas não aceitam eles entre
as escrituras canônicas” (Guillelmus de Occam O.F.M., Opera Plurima (Lyon,
1494-1496)
CARDEAL
CAJETANO
“Aqui
fechamos nossos comentários dos livros históricos do Velho Testamento. Sobre o
resto (ou seja, Judite, Tobias e os livros de Macabeus) são contados por São
Jerônimo fora dos livros canônicos, e são colocados junto com os Apócrifos,
junto com Sabedoria e Eclesiástico, como se deixa claro no Prologus Galeatus.
Não fique perturbado, como um estudioso novato, se você encontrar em qualquer
lugar, ou nos sagrados concílios ou sagrados doutores, estes livros
reconhecidos como canônicos. Pois as palavras bem como os concílios bem como
doutores devem ser reduzidos à correção de Jerônimo. Agora, segundo seu
julgamento, na epístola aos bispos Cromácio e Heliodoro, estes livros (e qualquer
outro livro igual no cânon bíblico) não são canônicos, ou seja, não possuem a
natureza de uma regra para confirmar questões de fé. Com a ajuda desta
distinção você pode ver seu caminho claramente através do que Agostinho diz, e
pelo que está escrito no concílio provincial de Cartago” (Cajetano, Comentário
em todos os autênticos Livros Históricos do Velho Testamento, no ultimo
Capítulo de Esther)
GREGÓRIO,
O GRANDE
“Com
referência a qual particular nós não estamos agindo de forma irregular, se dos livros,
apesar de não canônicos, ainda trazidos para a edificação da Igreja, nós
trouxermos testemunho. Assim Eleazar na batalha golpeou e derrubou um elefante,
mas caiu debaixo da própria besta que matou (1 Macabeus 6.46)” (Fonte:
http://www.lectionarycentral.com/GregoryMoralia/Book19.html)
RADULFO
FLAVICÊNCIO
“Nas
Sagradas Escrituras, há quatro tipos de discurso: histórico, profético,
proverbial e simples. História está relatando fatos passados, como nos cinco
livros de Moisés. Nisto, apesar dos temas a respeito dos quais são escritos
estarem cheios de figuras, não obstante o legislador declara estas coisas serem
ordenadas pelo Senhor, ou cumpridas por ele mesmo ou seu povo. Da mesma forma,
os livros de Josué, Juízes, Rute, Reis, Crônicas, Esdras, Ester, os quatro
Evangelhos e os Atos dos Apóstolos pertencem à história sagrada. De Tobias,
Judite e Macabeus, apesar deles serem lidos para a instrução da Igreja, no
entanto não possuem completa autoridade” (Radulfo Falvicêncio, Comentário em
Levítico, Prefácio ao livro XIV)
JOÃO
DE SALISBURY
“E
assim eu fico feliz de tomar para você as questões propostas, e respondê-las,
com permissão feita para minhas presentes oportunidades e tarefas urgentes, não
como eu deveria, mas tão bom quanto eu puder por enquanto. As questões foram:
qual você acredita ser o número dos livros do Velho e Novo Testamento, e quem
são seus autores... Sobre o número dos livros eu me encontrei lendo diversas e
numerosas opiniões dadas pelos pais; e assim eu sigo Jerônimo, professor da
Igreja Católica, de quem eu mantenho ser a testemunha mais segura em
estabelecer a base da interpretação literal. Assim como é aceito que há vinte e
duas letras no alfabeto hebraico, assim acredito sem sombra de dúvidas que há
vinte e dois livros no Velho Testamento, divididos em três categorias” (Letters
of John of Salisbury, W.J. Millor S.J. e C.N.L. Brooke, editores - Oxford:
Clarendon, 1979 -, Carta 209, páginas 317, 319, 321, 323, 325)
HUGO
DE SÃO VÍTOR
“A
primeira subseção do Velho Testamento é a lei, que os hebreus chamam de
thorath, contém o Pentateuco, que são os cinco livros de Moisés. Nesta subseção
o primeiro é Beresith, que é Gênesis; segundo Hellesmoth, que é Êxodo; terceiro
é Vagethra, que é Levítico; quarto Vagedaber, que é Números; quinto Elleaddaberim,
que é Deuteronômio. A segunda subseção é a dos profetas e contém oito textos. O
primeiro é Bennum, que é, Filho de Nun, que é chamado de Josué e Jesus e Jesus
Nave.O Segundo é Sathim, que são os Juízes; terceiro Samuel, que é primeira e
segunda Reis; quarto Malaquias, que é terceira e quarta Reis; quinto Isaías;
sexto Jeremias; sétimo Ezequiel; oitavo Thereasra, que são os doze profetas. A
terceira subseção tem nove livros. Primeiro é Jó, segundo Davi, terceiro
Masloth, que em grego é Parabolae mas em latim é Provérios, isto é de Salomão;
quarto Coeleth, que é Eclesiastes; quinto Sirasirim, que é o Cântico dos
cânticos; sexto Daniel, sétimo Dabreiamin, que são as Crônicas; oitavo Esdras;
nono Ester. Todos eles se somam vinte e dois. Além disto, há alguns outros
livros, tais quais a Sabedoria de Salomão, o livro de Jesus filho de Siraque, e
o livro de Judite, Tobias e o livro dos Macabeus que são lidos mas não são
considerados no cânon. A estes vinte e dois livros do Velho Testamento... Então
os escritos dos santos pais, que são Jerônimo, Agostinho, Ambrósio, Gregório,
Isidório, Orígenes, Beda e os outros doutores, que são incontáveis. Estes
escritos patrísticos não são contados no texto das Santas Escrituras, assim
como no Velho Testamento, como temos dito, há certos escritos que não estão
inscritos no cânon e ainda são lidos, como a Sabedoria de Salomão, etc. E assim
o texto das Sagradas Escrituras, como um corpo inteiro, é principalmente
contido em trinta livros, vinte e dois destes são reunídos no Velho e oito no
Novo Testamento” (Hugo de São Vítor, De Scripturis et Scriptoribus Sacris)
“Estes
são todos, que são cinco e oito e nove, fazendo vinte e dois, assim como o
número das letras no alfabeto hebraico, assim que a vida do justo possa ser
instruída no caminho da salvação por tantos livros quanto as letras educam as
línguas do inteligente em eloquência. Há alguns outros livros além destes no
Velho Testamento, que são algumas vezes lidos, mas eles não estão inscritos no
corpo do texto ou no cânon autorizado, tais quais os livros de Tobias, Judite,
e os Macabeus, e um chamado a Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. O Novo
Testamento contém os Evangelhos, Apóstolos e Pais. Há quatro Evangelhos:
Mateus, Marcos, Lucas e João. Da mesma forma há quatro volumes dos escritos
apostólicos: o ato dos Apóstolos, as Epístolas de São Paulo, as Epístolas Canônicas
e o Apocalipse, que são adicionadas aos vinte e dois livros do Velho Testamento
mencionados acima fazendo trinta, e as Sagradas Escrituras estão completas em
seu corpo. Os escritos dos Pais não são contados no corpo deste texto, porque
eles não adicionam nada a ele, mas eles explicam o que está contido nos
mencionados acima, e eles os extendem mais amplamente e os fazem mais claros”
(Hugo de São Vítor, De sacramentis. Prólogo, Cap. VII)
“Hugo
de São Vítor... enumera os livros da Bíblia hebraica em um capítulo ‘Sobre o
número dos livros nos escritos sagrados’ e continua dizendo: ‘Há também no
Velho Testamento certos outros livros que são de fato lidos [na igreja] mas não
são inscritos no corpo do texto ou no cânon de autoridade: tais são os livros
de Tobias, Judite e os Macabeus, a chamada Sabedoria de Salomão e
Eclesiástico’. Aqui, é claro, a influência de Jerônimo pode ser discernida:
para estudantes medievais da Bíblia na igreja latina não havia mestre a ser
comparado com ele” (F.F. Bruce, The Canon of Scripture - Downers Grove:
Intervarsity, 1988 -, páginas 99-100)
ANTONINO
“Os
judeus,... de acordo com Jerônimo em seu prólogo Galeatus... criaram quatro
divisões dos livros do Velho Testamento. A primeira eles chamam de Lei... a
segunda de Profetas,... a terceira de Hagiografia,... a quarta (que os judeus
não colocam no cânon das Escrituras Sagradas mas chamam de Apócrifos) eles
fazem com os outros cinco livros, a saber, Sabedoria, Eclesiástico, Judite,
Tobias e Macabeus, que é dividido em dois livros; a respeito destes cinco
livros Jerônimo diz em seu prólogo a Judite, que sua autoridade é julgada menos
que apropriada para fortalecer aquelas coisas que vierem em disputa... E Tomás
diz a mesma coisa na Secunda secundae, e Nicolas de Lyra em Tobias, a saber,
que eles não possuem tal autoridade, que não se pode ser argumentado de suas
palavras o que pertence à fé, como outros livros das Escrituras Sagradas. Daí,
talvez, eles possuem tanta autoridade quanto as palavras dos sagrados Doutores
aprovados pela Igreja” (Sancti Antonini, Archiepiscopi Florentini, Summa
Theologica, In Quattuor Partes Distributa, Pars Tertia, Tit xviii, Cap vi, Sect
2, De Dilatatione Praedicationis, Col 1043-1044)
Portanto,
não foram os evangélicos que retiraram sete livros da Bíblia, mas os católicos
que acrescentaram naquele mesmo Concílio de Trento, que, como vimos, disse um
monte de bobagem, mas todo mundo tem que crer em submissão absoluta à sua
suposta “infalibilidade”.
9.
Você também argumentou que “os apóstolos utilizavam a versão que trazia esses
livros a mais” (presumo que você esteja se referindo à Septuaginta), mas
infelizmente se esqueceu de mencionar que ela também trazia muitos outros
livros que JAMAIS foram aceitos pela Igreja Católica! E aí, como que fica?
Se
você quiser sustentar este frágil argumento e levá-lo adiante, terá também que
sustentar a plauseabilidade e veracidade de inúmeros livros que NUNCA foram
aceitos pela ICAR e também que RETIRAR livros apócrifos que os católicos
consideram “canônicos”, porque não estão inseridos nos mais antigos códices da
Septuaginta! Se nos limitarmos aos mais antigos códices da Septuaginta que se
conservam, ou seja o Alexandrino (A), o Vaticano (B) e o Sinaítico (C), vemos
que:
(A)
O Códice Alexandrino, do século V, inclui as adições gregas a Ester e Daniel,
Baruc, Tobite, Judite, 1 e 2 Macabeus, a Sabedoria de Salomão, e a Sabedoria de
Jesus ben Sirá (Eclesiástico). Mas também inclui livros que a Igreja Católica
nunca admitiu como canônicos, a saber: 1 Esdras (não confundir com o Esdras
canônico), 3 e 4 Macabeus e, no Novo Testamento, 1 e 2 Clemente e os Salmos de
Salomão.
(B)
O Códice Vaticano, do século IV, inclui a Sabedoria, o Eclesiástico, adições a
Ester e Daniel, Judite, Tobite, Baruc com a epístola de Jeremias, mas também 1
Esdras, nunca aceito como canônico, e exclui os livros dos Macabeus.
(C)
O Códice Sinaítico, também do século IV, inclui Tobite, Judite, 1 Macabeus e
ambas as Sabedorias. Faltam Baruc e 2 Macabeus, mas estão 4 Macabeus e, no NT,
a Epístola de Barnabé e um fragmento de O Pastor de Hermas, livros nunca tidos
por canônicos pela Igreja Católica.
Fernando
Saraví, em seu blog “Conhecereis a Verdade”, resume a questão da seguinte
maneira:
“Portanto,
a presença dos livros eclesiásticos/deuteros/apócrifos nestes códices não é
mais garantia da sua canonicidade do que a de 3 e 4 Macabeus, 1 Esdras, 1 e 2
Clemente, a Epístola de Barnabé ou O Pastor de Hermas”
(http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/01/o-canon-do-antigo-testamento.html)
Se
fôssemos levar a sério a consideração católica de que os livros apócrifos devem
ser aceitos por estarem na Septuaginta, então também deveríamos aceitar como
canônicos os livros:
a.
1 Esdras (A e B)
b.
3 Macabeus (A)
c.
4 Macabeus (A e C)
d.
1 Clemente (A)
e.
2 Clemente (A)
f.
Salmos de Salomão (A)
g.
Epístola de Barnabé (C)
h.
Pastor de Hermas (C)
E
teríamos que retirar da Bíblia Católica os livros:
a.
1 Macabeus (B)
b.
2 Macabeus (B e C)
c.
Baruc (C)
Em
outras palavras, vocês fariam a maior confusão e salada de frutas na Bíblia de
vocês se seguissem realmente esta linha argumentacional, que foi feita somente
como uma “pegadinha” contra protestantes desinformados, mas que é facilmente
destronável por qualquer um que tenha um mínimo de estudo e conhecimento.
10.
Para terminar, quero agradecer novamente pela carta enviada e por ter me dado a
oportunidade de ter descorrido um pouco mais sobre pontos importantes da fé
cristã, incluindo alguns pontos que eu não havia discorrido antes no site.
Quero agradecer também por ter escrito tudo por conta própria e não ter copiado
nada da internet, como SEMPRE costumam fazer aqui, e que eu tenho o maior tédio
de ficar refutando cópias (que na maioria das vezes nem a própria pessoa que
copiou aquilo realmente leu tudo, mas querem que eu refute aquilo que nem eles
mesmos leram, nem tampouco escreveram). Agradeço pela personalidade que você
demosntrou aqui, com argumentos próprios e não copiados de qualquer lugar.
Não
quero que você se sinta intimidado e deixe de enviar cartas somente por causa
desta resposta. Este é somente um debate de ideias, onde um argumenta e o outro
refuta. Se no final as suas colocações fizerem mais sentido, eu terei os meus
argumentos sendo refutados e você verá que a sua fé realmente é sustentável;
se, porém, as minhas refutações e argumentações através da lógica, da Sagrada
Escritura e dos pais da igreja estiverem corretas, então é sensato e de bom
senso que você siga o caminho da Verdade, antes que o caminho que conduz à Roma.
Um
grande abraço e que Deus lhe abençoe.
Por
Cristo e por Seu Reino,
Lucas
Banzoli.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
A Festa dos Tabernáculos (Sucôt
ou Cabanas)
Dentre as três grandes festas
comandadas por Deus, a Festa dos Tabernáculos é a de maior significado profético para nós
cristãos. É comemorado no décimo-quinto dia do mês de Tishri, duas semanas após
Rosh Hashanah e, usualmente, cai final de Setembro ou princípio de Outubro.
1 – SIGNIFICADO HISTÓRICO
“Disse mais o Senhor a Moisés:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a
Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa
convocação: nenhuma obra servil fareis. Sete dias oferecereis oferta queimada
ao Senhor; no dia oitavo tereis santa convocação, e oferecereis ofertas
queimadas ao Senhor; é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.
São esta as festas fixas do
Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor
oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifícios e libações, cada
qual em seu dia próprio; além dos sábados do Senhor, e das vossas dádivas, e de
todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao
Senhor.
Porém aos quinze dias do mês
sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do
Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo, haverá descanso
solene. No primeiro dia tomareis para vós outros fruto de árvores formosas,
ramos de palmeira, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e, por
sete dias, vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus. Celebrareis esta como
festa ao Senhor por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas
gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas de ramos;
todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam que eu fiz
habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito: Eu
sou o Senhor vosso Deus”. (Levítico
23.33-43).
A festa dos Tabernáculos ou Festa
da Colheita era originalmente uma festa agrícola, assim como a Páscoa e
Pentecoste. Apesar disso Deus lhe atribui um significado histórico: a lembrança
da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas
que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando
peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida.
A palavra “tabernáculo”
origina-se da palavra latina “tabernaculum” que significa “uma cabana, um
abrigo temporário”. No original hebraico a palavra equivalente é Sucá, cujo
plural é Sucot.
A Festa dos Tabernáculos durava
uma semana e durante este período habitavam em tendas construídas com ramos.
É um tempo de regozijo e ação de
graça.
Posteriormente, na história
judaica, a Páscoa, Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos são chamadas no calendário
judaico de Festas de Peregrinos, porque nestas três festas era exigido que todo
homem judeu fizesse uma peregrinação até o Templo de Jerusalém. Nestas ocasiões
o povo trazia os primeiros frutos da colheita da estação ao Templo, onde uma
parte era apresentada como oferta a Deus e o restante usado pelas famílias dos
sacerdotes. Somente após essa obrigação ser cumprida era permitido usar a
colheita da estação como alimento.
A ordenança de Deus para que o
povo habitasse em tendas traz conotações de caráter moral, social, histórico e
espiritual. Os rabinos falam da sucá como um símbolo de proteção divina. Em
momentos de aflição pedimos ao Todo-Poderoso que nos “abrigue em sua tenda”
(Salmo 27.5). A sucá é um chamado contra a vaidade e um apelo à humanidade. Mesmo
o mais poderoso dos homens deve viver durante sete dias numa habitação
primitiva e modesta, conscientizando-se da impermanência das posses materiais.
Mais ainda, deve compartilhar essa moradia com todos os desprivilegiados a seu
redor: “seus servos, o estrangeiro, o orfão e a viúva que estiverem dentro dos
seus portões”. (Deuteronômio 16.14).
Por ser pequena, sem
compartimentos a sucá obriga seus moradores a se aproximarem, física e
afetivamente, e talvez os inspire a se manterem mais unidos nos outros dias do
ano.
De acordo com a Lei, a cobertura
da sucá deve ser feita de tal forma que através dela se possam ver as estrelas.
Resulta um teto pelo qual se infiltram a chuva e o vento, mas pelo qual também
penetra a luz do sol. A sucá é o modelo de um verdadeiro lar: sem uma estrutura
sofisticada, sem decoração luxuoso, mas cheia de calor, tradição e santidade.
Um lar deve ter espiritualidade, deve ter uma vista para o céu.
A sucá é um abrigo temporário,
improvisado, construído às pressas. E, no entanto, ela é um símbolo de
permanência e continuidade. É tão frágil, tão precária, tão instável e, no
entanto, sobreviveu a tantos impérios, tantas revoluções porque na verdade seu
sustento é divino. É somente o Senhor quem nos pode sustentar!
A sucá é uma construção rústica
cuja cobertura é feita de produtos da terra – fácil de se obter. Inclui ramos,
arbustos, palha e mesmo ripas de madeira. Frutas, vegetais e outros alimentos
não são usados.
O povo judeu tomou as palavras de
Deus em Levítico 23 “habitareis” em seu sentindo literal. Eles interpretaram a
palavra “habitar” como significando que se devia comer e dormir na sucá, e não
apenas construí-la. Nenhuma bênção é recitada quando se constroi a sucá, pois a
ordem fundamental é “habitar” na sucá e não meramente construí-la. Uma bênção é
recitada imediatamente antes de comer e dormir na sucá.
O uso de quatro espécies de
plantas é prescrito em Levítico 23.40: “…tomareis fruto de árvores formosas,
ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeira…” A
Bíblia não especifica com precisão quais as espécies de árvores e frutas devem
ser usadas. As autoridades judaicas deduziram e a tradição consagrou que “a
fruta de árvore formosa” significa a cidra (etrog); “ramos de palmeiras” seriam
ramos da tamareira (lulav); “ramos de árvores frondosas” referindo-se ao mirto
(hadassim); e “salgueiros de ribeira” ao familiar salgueiro (aravot). Essas
quatro espécies formam o molho de sucot que seguramos e abençoamos em cada dia
da semana durante a Festa dos Tabernáculos.
Diariamente, durante a semana de
sucot (exceto no Shabat), pegamos na mão direita as três espécies de ramos, na
mão esquerda a cidra, recitamos uma bênção, em seguida juntamos as mãos e
agitamos o molho para todos os lados, para cima e para baixo – manifestando
nossa alegria e indicando que a presença de Deus está em toda a parte.
A Festa dos Tabernáculos tinha
dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada
ao louvor e ações de graça. O toque das trombetas convocava o povo, que se
postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de
Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a
derramavam no altar. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco,
instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em
instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a
118 – (Hallei) especialmente as palavras messiânicas do Salmo 118, versos 25 e
26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a
prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.
Esse ritual de derramamento de
água simbolizava ações de graça pela chuva que possibilitou a colheita do ano.
Orações por mais chuva eram feitas para possibilitar a colheita da próxima
estação.
Esse ritual simbolizava também a
alegria espiritual e salvação.
A cada dia, durante o período da
Festa, os sacerdotes rodeavam o grande altar de sacrifícios, uma vez, agitando
suas palmeiras em todas as direções. Os ramos eram seguros juntos na mão
direita, e a cidra, na mão esquerda.
No sétimo dia, chamado “Hoshana
Rabbah” que significa “A grande Salvação”, os sacerdotes rodeavam o altar sete
vezes, recitando o Salmo 118.
Durante os sete dias de sucot, o
grande altar de sacrifício recebia um número de sacrifício maior do que em
qualquer outra festa: 70 novilhos, 14 carneiros, 98 cordeiros e 7 bodes
(Números 29.12-34).
Em relação aos 70 novilhos o
Talmud ensina que “as setenta nações do mundo são representadas nas ofertas de
expiação de Israel”.
Segundo ponto alto das
comemorações eram os festejos. À noite, as multidões festejavam com banquetes e
ainda cantavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Eram também colocadas
tochas que iluminavam o átrio do Templo. Nesses momentos demonstravam sua
gratidão a Deus desfrutando as boas coisas da vida e o prazer de gozarem a
companhia uns dos outros.
Foi a essa festa que os irmãos de
Jesus se referiram quando insistiram com Ele para que seguisse para Jerusalém
(João 7.1-9). O Senhor rebateu suas palavras sarcásticas, mas depois,
ocultamente, foi para Judéia. Durante a Festa, Ele deu ensinamentos e sofreu
dura oposição por parte dos fariseus. Foi nessa ocasião que chamou os que
tivessem sede para irem a ele e beber (João 7.37). Isso pode ter sido uma
referência à água derramada no altar durante a Festa.
2 – O SIGNIFICADO PROFÉTICO
A Festa dos Tabernáculos tem um
significado profético.
O profeta Amós, antevendo a vinda
do Messias, escreveu: “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi,
repararei as suas brechas, e, levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como
fora nos dias da antiguidade”. (Amós 9.11).
O povo judeu ainda hoje aguarda a
vinda do Messias. A preservação misteriosa de Israel pode ser para o
cumprimento do propósito de Deus de Israel se tornar o “tabernáculo de Davi,
seu Rei”.
Judeus e gentios podem ser
incorporados à casa ou família de Deus e assim tornar-se Seu tabernáculo – Seu
lugar de moradia com a aceitação do Messias. Devemos lembrar que Deus já havia
feito provisão para a inclusão dos gentios crentes dentro da aliança mosaica “a
mesma lei haja para o natural (israelita) e para o forasteiro (gentio) que
peregrinar entre vós”. (Êxodo 12.49).
O profeta Zacarias predisse que
na era messiânica: “Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra
Jerusalém, subirão de ano em ano, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e
para celebrar a Festa dos Tabernáculos”. (Zacarias 14.16-21).
O profeta Miquéias profetizou: “…
uma nação não levantará contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerra”.(Miquéias 4.3).
A Festa dos Tabernáculos fala da
alegria do Messias tabernaculando em nosso meio. É época de regozijo, de
plenitude.
Podemos ver também Jesus, nosso
Messias, tipificado no ritual do derramamento da água. No evangelho de João,
capítulo 7, temos um relato da Festa dos Tabernáculos que foi a última que
Jesus participou.
Podemos imaginar a cena
grandiosa: o grande cortejo de sacerdotes vestidos de branco, os levitas, os
instrumentos, o derramamento da água no altar… e Jesus, em pé, nas sombras das
grandes colunas do templo observando. Ele, o Eterno, o Filho de Deus, o Logos,
a Palavra Viva que se fez carne, Aquele quem falou através da Lei dada no Monte
Sinai para que se observasse a Festa dos Tabernáculos. Agora Ele estava ali, em
pessoa, vendo a observância de uma ordenança Sua.
Assim que o cortejo passou com o
clamor nos lábios do Salmo: “Ó Senhor, salva, Te pedimos…” Jesus se levanta e
sua voz explode num grito carregado de misericórdia: “Se alguém tem sede, venha
a mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva”. (João 7.37-38).
Ali estava em pessoa Aquele de
quem os profetas haviam falado. Ele era o cumprimento de todas as promessas. O
Messias veio e tabernaculou entre nós. (João 1.14).
“Ah! Todos vós os que tendes
sede, vinde às águas; e vós os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e
comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e azeite. Porque
gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não
satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom, e vos deleitareis com finos
manjares. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma
viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis
promessas a Davi”. (Isaías 55.1-3).
Através de Seu Espírito que seria
derramado em vasos humanos Deus promete tirar de nós o coração de pedra e nos
dar uma nova natureza.
“Porque derramarei água sobre o
sedento, e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua
posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes”. (Isaías 44.3).
“O Senhor te guiará
continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus
ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas não
faltam”. (Isaías 58.11).
“E acontecerá depois que
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. Até sobre
vossos servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.
Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumo. O sol se
converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia
do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo; porque no Monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim
como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar”. (Joel
1.28-32).
RESUMO PROFÉTICO DA FESTA DE
TABERNÁCULO
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