sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Evangelho do dia

REFUTANDO O CATOLICISMO

Boa Tarde Lucas, a Paz de Jesus.

Hoje entrei pela primeira vez no seu site visto uma indicação de um contato no facebook, mesmo sem saber do que se tratava.

Confesso que devido um momento bem corrido da minha vida (estou com muitos compromissos pendentes para fazer) eu iria apenas dar uma olhada rápida, sem fazer questionamentos.

Porém no começo achei interessante a sua forma de escrever e principalmente a busca de ir a fundo no conhecimento (na maior parte dos assuntos realmente não concordo com a sua interpretação da bíblia e dos assuntos, mas parabenizo pelo grande esforço em conhecer cada vez mais as coisas de Deus), digo isso porque sou católico e um dia desses um pastor de uma Igreja bem conceituada aqui da minha cidade veio me questionar a respeito dos Santos e em algumas passagens da Bíblia que eu peguei e mostrei e expliquei pra ele, ele já meio que deu uma gaguejada e me disse: "é que eu não sou muito de ler a Bíblia, eu gosto mais da parte prática...”.

Fiquei meio revoltado com essa resposta, mas fique tranquilo que da mesma forma também fico revoltado com católicos que mal conhecem a Bíblia e a doutrina da Igreja.

Como disse, relutei um pouco em escrever esse e-mail devido a falta de tempo mesmo, pois realmente não consegui ler tudo que escreveu principalmente sobre a Igreja Católica e teria que escrever com mais calma a respeito dos assuntos tratados para uma maior clareza, pois apesar de todas as citações que você fez, o que existe são diferentes interpretações, e infelizmente é por isso que hoje existem tantas Denominações diferentes.

Mas se me permite, algumas ponderações eu gostaria de fazer. Como eu disse no começo eu gostei da forma como você busca o conhecimento da Verdade, porém depois que comecei a ler, achei várias partes desrespeitosas e com todo o respeito um pouco tendenciosas para criticar a Igreja Católica. Um exemplo que eu vi e acho desnecessário em uma avaliação, foi a utilização de dados do IBGE para mostrar que "existem" inúmeras Igrejas católicas.

Eu acredito que pelo seu conhecimento (e te elogio porque sei que você procura se informar sempre), não poderia nunca se utilizar de um dado desse para querer dizer que existem diversas Igrejas católicas. Resumindo a conversa nesse aspecto, existe sim a Igreja Católica que deve estar de acordo com a Doutrina da Igreja Católica. Se algum padre ou grupo está em desacordo com algo, pode ser considerado anátema. Por exemplo, infelizmente existe padres que não acreditam no inferno, mas por causa disso não surge uma nova Igreja Católica, pois a Igreja Católica acredita e ponto final, então essa é a doutrina.

Existem Padres errados, existem grupos errados dentro da Igreja Católica, claro que existem, existiram e sempre vão existir (Por isso que falamos que a Igreja é Santa e pecadora, pois sua natureza é divina por Jesus e humana por nós, e nisso com todo o respeito, eu acho equivocada a sua posição de condenar a Igreja Católica como um todo devido a erros de alguns homens que realmente macularam e muito a imagem da Igreja.

Realmente em alguns momentos da história (porém bem menos do que os livros de história dizem, pois a Igreja sempre foi mais luz do que "trevas" que a história diz) algumas pessoas fizeram alguma coisa que mancharam a imagem da Igreja, porem condenar a Igreja por isso seria o mesmo que eu condenar a Missão e Vida de Jesus por um dos seus apóstolos ter se perdido. Seria como eu dizer que existia dois tipos de Jesus diferente, já que Judas acreditava em um Jesus "político" que fosse libertar o povo.

Ora, apesar de parecer estranha, seria a mesma comparação, se formos pegar o número de 12 apóstolos, quase 10%, traiu e manchou a imagem de Jesus. (Realmente não é justo falarmos isso e tratarmos dessa forma.

Como disse, não li todos os textos, mas li também você dizendo a respeito da Eucaristia. Acho que seria interessante você fazer um estudo melhor a respeito disso (Afinal é o Ápice da nossa Igreja) e infelizmente você não fez um bom estudo a respeito e colocou informações incorretas do que a Igreja Católica diz sobre o assunto (Exemplo: Você colocou algo a respeito de que Jesus estaria sendo crucificado e morrendo outras vezes, quando que na verdade a Igreja Católica não ensina isso, pois o Sacrifício é único...

Por isso vale a pena ver o que as coisas parecem e o que são de fato). Falando nisso, percebi que você gosta de aprofundar na palavra original, então eu recomendaria a pesquisa do verdadeiro significado da palavra "em memória", pois apesar de no portugues parecer a mesma coisa, no texto original existe diferenciação no significado de memória.

Passando rapidamente pelo texto de João 6 que você citou, a seqüência de fatos é interessante: Primeiro Jesus multiplica os pães (ou seja, Ele tem total poder sobre o pão) e depois ele anda sobre as águas (Ele pode fazer com o corpo dEle aquilo que Ele quiser), ou seja, não existe limitação para que Ele esteja na Eucaristia. Mas o que eu acho que valeria a pena dar uma refletida nesse texto ainda é que, como a Palavra nos diz, Jesus realizou muitos Milagres para que Deus fosse glorificado e que acreditassem nEle.

Agora eu questiono, se Jesus quisesse dizer apenas simbolicamente que era do Corpo dEle mesmo que Ele estava falando, porque motivo muito pararam de seguir Jesus? A Bíblia diz que eles foram embora porque acharam essas palavras duras demais. Pergunto novamente com todo o respeito, será que se fosse apenas Simbolismo, esse mesmo Jesus que fez milagres para revelar a Glória de Deus, não teria gasto 2 minutinho do seu tempo para explicar que aquilo que ele estava dizendo era apenas simbolismo??

Ora, o que Jesus mais queria era que estivéssemos com ele, se fosse uma confusão da cabeça daquelas pessoas, não tenho dúvidas de que Jesus teria explicado que era apenas um simbolismo e não teria perdido esses seguidores. Jesus não é Deus da confusão e sim da verdade... Tanto que ele ainda pergunta: Vocês também querem ir?.. (Então, acho que vale a pena dar uma refletida nesses pontos sobre a Eucaristia (Peço realmente desculpas por discorrer bem por cima mesmo do tema, é que tenho compromisso daqui a pouco.

Outro assunto que também vi uma grande distorção a respeito do assunto foi com relação á salvação pela fé ou pelas obras. Infelizmente você não colocou da maneira devida esse assunto. Vou somente colocar um pequeno parágrafo de uma declaração da Santa Sé com a Igreja Luterana, a respeito desse assunto que poderá ficar mais claro o que a Igreja pensa a respeito.

"Confessamos juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras"

Não é somente porque a Igreja católica pensa assim, mas eu acredito realmente que esta definição é direta e objetiva.

Talvez seria mais interessante você fazer uma análise do que Martinho Lutero pensava a respeito disso, já que resumindo o pensamento de Lutero, era melhor cometer grandes pecados (para aproveitar da graça de Deus) do que realizar boas obras.. (Sinceramente um absurdo o pensamento dele, totalmente contra o que São Paulo diz, onde superabundou o pecado, superabundou a graça, mas logo em seguida ele diz que não é por isso que devemos continuar pecando (Desculpe não colocar as citações certinho, mas realmente tenho compromisso daqui a pouco na Igreja, já até acabou meu expediente aqui no trabalho..rsrs).

Me parece que em algum texto seu você falou do Lazaro e do rico (falando algo a respeito que não poderia usar no sentido literário, mas sim para falar desta atitude de boa obra...) e acho que você citou um texto de Tiago também dizendo a respeito do Evangelho que é cuidar das viúvas e órfãos. (também referindo a boas obras, ou seja, realmente é importante praticá-las. Peço que olhe com calma essa declaração da Santa Sé e agora escrevendo, eu acho que seria realmente pertinente falar um pouco dessa visão de Martinho Lutero também que eu acho bem falha. Mas também, Lutero teve a ousadia de chamar a Carta de Tiago como "palha", o que esperar de alguém que fala mal da Sagrada Escritura e chegou a mudar um trecho na primeira versão.

Lucas, gostaria mesmo de conversar mais com você, mas tenho que ir. Uma última coisa: Parabenizo uma sugestão que você deu elogiando a Bíblia Católica Jerusalém, pois realmente ela é muito boa. Agora não sei se você concorda comigo, mas acho que você deveria recomendá-la mais do que a versão do João Almeida, pois nessa falta 7 livros.

Sei que você diz que esses livros são apócrifos, mas por estudos e comprovações (até mesmo por parte de pastores protestantes) os apóstolos utilizavam a versão que trazia esses livros a mais (em várias citações podemos perceber isso), então acho mais válido confiarmos nas mesmas versões que os seguidores pessoais e próximos de Jesus utilizavam.

Agora vou parar de demorar e vou pro meu compromisso...

Um forte abraço fraterno.

Que Deus o abençoe. (Junior Souza – 27/06/2012)


Resposta - Olá, Junior. A paz de Cristo!

Agradeço pela mensagem enviada, e peço-lhe desculpas se for muito sucinto em minhas colocações, pois foram muitos pontos abordados dentro de uma única carta e eu também tenho muitas outras coisas a escrever (em respostas a cartas, artigos e livros), então peço-lhe sinceras desculpas por não poder me alongar da forma que deveria em cada ponto que você abordou, mas peço-lhe que pegue um ponto específico daquilo que você discorda de mim que debateremos somente e especificamente sobre este ponto até chegarmos a um consenso, aí então chegamos ao próximo.

Assim seria muito melhor, pois eu poderia refutar de forma mais abrangente os seus argumentos e ao mesmo tempo não seria um debate meio “confuso” com milhares de temas sendo discutidos, até porque você sabe que eu tenho muitos pontos de discordância com a Igreja Católica, o que logicamente faz com que você tenha muitos pontos de divergência comigo. Se formos debater sobre cada um deles, ficaremos toda a eternidade nessas discussões...rsrs

Primeiramente agradeço pela sua forma educada de escrever e me desculpo se não fiz o mesmo em alguns dos meus artigos. Eu ainda tenho muito a aprender, não apenas em termos doutrinários, como também em termos morais. Vou então comentar sobre os pontos principais que você levantou:


1. Você me criticou pelo fato de usar dados do IBGE contra a suposta unidade da Igreja Católica. Eu veementemente discordo disso por várias razões. Em primeiro lugar, porque se você analisar com atenção os sites católicos que falam das “várias denominações protestantes”, verá que eles também usam dados do IBGE para isso.

Em outras palavras, por que os católicos podem usar dados do IBGE contra a unidade protestante mas eu não posso fazer exatamente a mesma coisa e fazer uso do mesmo recurso deles contra a unidade católica? Ora, dois pesos, duas medidas! Se você discorda destes dados então refute o IBGE; caso contrário, se discorda do fato de usar estes dados, então teria que discordar também de todos os outros sites católicos que fazem precisamente a mesma coisa conosco.

Eu sinceramente não vejo qualquer problema nisso, o único problema seria dizer que vocês podem e a gente não. Isso é uma falácia completa e vai contra as normas do bom senso em um debate. Se vocês atacam com “dados do IBGE”, nós podemos com razão contra-atacar com estes mesmos dados para mostrarmos as contradições católicas que são ainda mais evidentes.


2. Você diz que “existe uma só Igreja Católica”, mas isso é o que todo mundo diz! Se você for na RCC, eles dirão que “existe uma só Igreja Católica” e que é a deles. Se você for na Igreja Ortodoxa, você verá eles dizendo que “existe uma só Igreja Católica” e que é a deles. Se você for pro grupo da “Teologia da Libertação”, ouvirá sempre a mesma coisa.

Então, o simples fato de dizer que “existe uma só Igreja Católica” não muda e nem tampouco acrescenta coisa alguma, muito menos minimiza as contradições e divergências doutrinárias existentes entre essas várias “igrejas católicas”, todas elas dizendo que são “uma só”, mas pregando coisas diferentes. Creio que você retirou isso do meu artigo sobre “A Igreja Católica é a Igreja de Cristo?”. Então você certamente poderá me responder se você crê naquilo que a Igreja CATÓLICA Ortodoxa diz que não existe o purgatório e nem a supremacia do bispo romano, muito menos boa parte dos dogmas marianos inventados milênios mais tarde.

Você também poderá me responder se você crê naquilo que a Renovação Carismática CATÓLICA diz, acerca de cura e libertação que eles copiaram descaradamente do pentecostalismo brasileiro, da atualidade do dom de línguas que simplesmente não existe nas igrejas católicas tradicionais, ou nas doutrinas pregadas no Concílio Vaticano II que são vigorosamente rejeitadas pelos mais tradicionais. Enfim, eu poderia passar milhões de exemplos aqui, mas disse que seria sucinto. Não nego as divergências no meio protestante – você poderia passar um monte delas aqui também, tanto de igrejas quanto de doutrinas. Mas quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras no vizinho.

Se vocês criticam tanto as “divisões” evangélicas, vocês deveriam ser o Supra-Sumo da unidade absoluta do Cristianismo para fazerem tal acusação. Mas quando tiramos pra fora a sujeira escondida debaixo do tapete, vemos que vocês também tem tantas contradições consigo mesmos que seria hipocrisia falar do próximo. Como Jesus disse: “Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mt.7:4,5).


3. Você disse que “acho equivocada a sua posição de condenar a Igreja Católica como um todo devido a erros de alguns homens que realmente macularam e muito a imagem da Igreja” e alegou também que “condenar a Igreja por isso seria o mesmo que eu condenar a Missão e Vida de Jesus por um dos seus apostolos ter se perdido”. Sinto muito, mas vou ter que discordar deste ponto também.

Se você ler meus artigos com atenção, verá que eu rarissimamente toco em algum ponto particular de alguma pessoa para ferir toda uma instituição (como seria no “exemplo de Judas” que você passou com muita exatidão). Eu não pego o exemplo do padre Jonas ensinando os seus fieis a falarem em línguas para dizer que toda a Igreja Católica Romana ensina a fazer o mesmo.

Eu não pego exemplos isolados, como você induz que eu faço. É por isso que minhas alegações são sempre fundamentadas naquilo que era (ou é) crido por toda a Igreja de modo geral, atestado e confirmado pelo próprio papa, e só então eu faço as minhas colocações. Por exemplo, eu faço geralmente duas alegações sobre coisas universalmente aceitas pela Igreja Católica na Idade Média, que manchou e corrompeu essa instituição religiosa até o limite. São elas:

a) A “Santa” Inquisição. Ela matou, exterminou, queimou e torturou MILHÕES de pessoas – muitas delas inocentes, incriminadas somente pelo fato de discordarem de Roma! E ela era aprovada por TODA a Igreja, era aprovada por TODOS os PAPAS que passaram por ela durante mais de três séculos de vigência, nenhum deles foi contra ela ou tentou abolir tal coisa, todos eles tinham total conhecimento daquilo que estava acontecendo e todos eles eram a favor de tal atrocidade humana sem precedentes. Este definitivamente não foi um “caso isolado”!

Ocorreu durante três séculos, o próprio Papa (João Paulo II) teve que pedir perdão por tal atrocidade anti-humana (e não se pede perdão por algo que não fez!), e se tal coisa fosse correta estariam torturando e queimando gente até hoje! Em outras palavras, a Igreja sujou suas mãos com montões de sangue inocente derramado em martírio, abominação tal que foi aprovada com o consentimento dos papas e de todo o clero da Igreja Católica, que terá que prestar contas a Deus por todo o mal que causou.

b) A venda de indulgências. No início, Lutero acusava Tetzel de vender indulgências sem o consentimento do papa, pois pensava que tal coisa era um ato isolado da parte dele, e escreveu as 95 teses acusando tal homem contra o papa, ainda crendo que o papa não tinha conhecimento disso e que, quando tivesse, iria condenar vigorosamente tal absurdo.

Porém, quando o papa leu as 95 teses que condenavam as indulgências, ele, ao invés de condenar Tetzel, condenou Lutero! Quando Lutero viu que o próprio papa (que pensava não ter nada a ver com o assunto) também estava por trás disso tudo e ainda estava querendo construir uma Basílica de São Pedro e enriquecer com base na venda da salvação (ou da libertação das “almas do purgatório”), começou a atacar vigorosamente o papa.

Em outras palavras, a venda da salvação era um completo absurdo praticado na Idade Média e que ninguém em sã consciência faria o mesmo nos dias de hoje, mas naquela época em aprovada pelo papa e, consequentemente, pela Igreja Católica! Se você fosse pobre, estava perdido, coitado de você. Mas, se fosse rico, poderia cometer o pecado que quisesse (até mesmo o de “violentar a mãe de Deus” [tese 75]) que, se pagasse ($$$) a eles, estaria completamente absolvido! Ou seja, podia pecar e pecar a vontade, fornicar, assassinar, adulterar, blasfemar... que bastava-se que, “tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando do purgatório para o céu” [tese 27].

Como bem disse Lutero:

“Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?” (Tese 82)

Portanto, caríssimo Junior Souza, eu não estou usando “exemplos isolados” (se fizesse isso, poderia escrever um LIVRO de acusações maior que a Bíblia!), mas casos específicos que foram aprovados pela Igreja de forma geral, cridas pelo clero e que passaram pelo consentimento dos papas ao longo dos séculos – com a sua conseqüente aprovação. E isso eu creio que resume toda a questão.


4. Sobre a Eucaristia, você tem completa razão em afirmar que eu devo ainda fazer um artigo espeficicamente sobre este tema, pois realmente ainda não fiz e estou tentando encontrar uma oportunidade boa para fazê-lo (a sua exortação pode ter ajudado muito nisso...rsrs). Este é um dos temas principais no catolicismo romano e que mais causa divisões entre católicos, luteranos e evangélicos atuais. Portanto, embora eu pudesse escrever milhares de caracteres agora mesmo, vou me reservar a passar uma refutação completa aos seus argumentos quando eu escrever – em breve – um artigo especificamente para desmentir a transubstanciação.


5. Sobre “sacrificar Cristo novamente na missa”, você declarou que eu “não fiz um bom estudo a respeito e colocou informações incorretas do que a Igreja Católica diz sobre o assunto”, dando, como exemplo, o fato de que eu disse que “Jesus estaria sendo crucificado e morrendo outras vezes, quando que na verdade a Igreja Católica não ensina isso, pois o Sacrifício é único”. Presumo então que você certamente não deve ter dado uma boa lida no Concílio de Trento (considerado infalível pelos romanistas), que contradiz essa sua afirmação e corrobora exatamente com a minha. Vejamos com atenção as palavras ‘infalíveis’ deste Concílio:

“Se alguém disser que no sacrifício da Missa não se oferece a Deus um verdadeiro e próprio sacrifício, ou que o oferecê-lo não é outra coisa que dar-se-nos a comer Cristo, seja anátema” (Cânon 3)

Ou seja, o Concílio de Trento declara categoricamente e sem qualquer hesitação que o sacrifício oferecido na Missa não é nem um pouquinho irreal ou simbólico, mas um “verdadeiro e próprio sacrifício” (mais claro que isso é impossível!), e, para finalizar, eles completam dizendo que a Missa resume-se a “dar-se-nos a comer Cristo” (blasfêmia!). Viu a palavra “SACRIFÍCIO”, ali? Pois é, se você não crê assim, você é “anátema” (amaldiçoado) segundo o Concílio de Trento!

É por isso que eu estou muito longe de ser católico, pois eu não poderia crer na verdade, eu teria que crer na Igreja Católica! Você disse com muita sabedoria que a Missa não é uma repetição do sacrifício de Cristo (pois isso é um completo absurdo), mas é exatamente isso o que o Concílio de Trento afirma taxativamente. E sabe o que eu mais me impressiono com isso? Que depois dessa você (e os demais católicos que creem o mesmo) terão que NEGAR e ABNEGAR a tudo o que creem (pela lógica e pelo bom senso), só porque a Igreja Católica disse o contrário!

Ou seja, na Igreja Católica você não tem um livre arbítrio – é apenas um robozinho da Igreja. Peço-lhe desculpas por dizer isso, mas é a pura verdade. Você pode crer com todas as suas forças naquilo que considera ser a verdade evidente, mas mesmo assim é forçado a renunciar tudo isso porque um Concílio escrito por algum clérigo e aprovado pelo papa disse o contrário! Isso me lembra aquilo que certa vez disse um monge do Mosteiro de São Bento:

“Temos que nos submeter às determinações da Santa Igreja. Embora nossa razão rejeite algum dogma, nossa submissão deve ser incondicional. Se isto é branco e a Santa Igreja diz que é preto, devo-lhe acatar a decisão e renunciar à lógica”

Se isso significa ser católico, eu prefiro seguir a Verdade e ser Cristão.


6. Sobre a questão da fé e obras, você disse que eu fiz “uma grande distorção a respeito do assunto”, e mostrou uma suposta declaração da Santa Sé com a Igreja Luterana que realmente não traduz aquilo que a Igreja Católica historicamente afirma. Como você bem deve saber, a Sola Fide (justificação somente pela fé) é uma doutrina crida exclusivamente pelos evangélicos e negada durante séculos pelos católicos! Por que? Simplesmente porque os católicos dizem isso daqui:

     
CONCÍLIO DE TRENTO:

834. Cân. 24. Se alguém disser que a justiça recebida não se conserva nem tão pouco se aumenta diante de Deus pelas boas obras, mas que as boas obras somente são frutos e sinais da justificação que se alcançou, e que não é causa do aumento da mesma— seja excomungado [cfr. n° 803].

840. Cân. 30. Se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a graça da justificação, é de tal modo perdoada a ofensa e desfeita e abolida a obrigação à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a pagar, seja neste mundo ou no outro, no purgatório, antes que lhe possam ser abertas as portas para o reino dos céus — seja excomungado [cfr. n° 807].

Em outras palavras, a Igreja Católica crê que a salvação não é unicamente em virtude da fé, mas sim que, mesmo quando alguém recebe de Deus a graça da justificação, mesmo assim ele NÃO tem a sua ofensa perdoada e nem desfeita! Agora eu só queria saber como é que alguém é justificado por Deus com a graça da justificação e mesmo assim não é sequer perdoado!!! De qualquer forma, isso mostra a incoerência da Igreja Católica, que uma hora crê em uma coisa, outra hora crê em outra. Resumindo em termos simples, os católicos sempre creram que a salvação é:

FÉ + OBRAS = JUSTIFICAÇÃO

Enquanto que os protestantes, por outro lado, historicamente sempre creram que a salvação é somente pela fé, que gera obras. Este “gerar” é o que faz toda a diferença aqui. Você afirma de forma completamente equivocada que os evangélicos ensinam que basta ter fé que, mesmo sem obra nenhuma e cheio de pecados, o homem pode ser salvo.

Essa é uma declaração que foge completamente da verdade. Para nós, as obras não são a causa da salvação, mas uma conseqüência da mesma, como um fruto da fé. Em outras palavras, a fé genuína (salvífica) gera obras (o fruto) de nossa parte. Nós não somos salvos pelas obras, mas sim para as obras. E isso faz toda a diferença! Paulo disse:

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Efésios 2:8-10)

Paulo é categórico aqui. Ele afirma que nós somos salvos pela graça, através da fé (ponto final). Para ser mais claro ainda, ele afirma que não é por obras. Isso liquida com o quadro católico (fé + obras = justificação) apresentado acima. A salvação é somente pela graça, através da fé (Sola Fide). Porém, Paulo afirma no verso 10 que nós fomos feitos para as obras.

Em outras palavras, as obras não entram junto como a CAUSA da salvação (o que seria “pela”), mas sim como uma CONSEQUENCIA dela (“para”). Entender isso é a coisa mais simples do mundo, embora dificílimo para o clero católico. Os evangélicos sempre afirmaram isso (que as obras não são a causa da salvação, mas um fruto da fé verdadeira), então veio o Concílio de Trento que quis desmentir isso e então disse:

834. Cân. 24. Se alguém disser que a justiça recebida não se conserva nem tão pouco se aumenta diante de Deus pelas boas obras, mas que as boas obras somente são frutos e sinais da justificação que se alcançou, e que não é causa do aumento da mesma— seja excomungado [cfr. n° 803].

Para o Concíio [infalível] de Trento, as obras aumentam a graça. Isso é uma aberração à luz da Bíblia que diz:

“E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça” (Romanos 11:6)

Paulo afirma que as obras não podem ser incluídas como causa da graça ou do aumento dela, doutra forma anularia a própria graça! Mas o Concílio de Trento, quinze séculos depois, vai lá e diz exatamente o contrário! E ainda tem a audácia de dizer que as obras NÃO são um “fruto ou sinal da justificação que se alcançou” (o que vimos acima e que você também parece concordar comigo), mas sim a própria CAUSA da graça da justificação!!! E pior: se você não abandona a clareza das Escrituras para crer nisso, você é simplesmente excomungado!


7.Sobre as acusações contra Lutero, elas já foram refutadas há muito tempo por muita gente antes de mim, então nem vale a pena eu refutar de novo cada uma delas e mostrar que tratam-se somente de acusações falsas e injuriosas, na maioria delas forjada  e inventada pelos católicos para caluniá-lo, e que nunca remetem-se a livros escritos pelo próprio Lutero, mas a coisas ditas por terceiros sobre ele. Sobre isso eu recomendo que você acompanhe exaustivas refutações sobre essas lendas em torno de Lutero há muito tempo propagada nos sites católicos sem credibilidade, aqui:

http://beggarsallreformation.blogspot.pt/2005/12/martin-luther-topical-master-index-for.html

http://beggarsallreformation.blogspot.pt/2006/10/pbs-presents-facts-that-luther.html

http://beggarsallreformation.blogspot.pt/p/luther-exposing-myth.html

http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2012/04/lutero-disse-que-cristo-pecou-cometendo.html?showComment=1340810380296

Então, não há mais o que comentar quanto a isso. Só penso ser benéfico passar o que o próprio Lutero pensava sobre este tema, e não sobre as lendas que disseram sobre ele:

“Quando assino à fé posição tão excelsa e rejeito tais obras infiéis, incriminam-me de proibir as boas obras, quando a verdade é que bem quero ensinar obras da fé verdadeiramente boas” (Martin Lutero, WA VI, 205)

Lutero aqui refuta as lendas que já estavam se formando em torno dele, de pessoas dizendo que ele não era a favor das boas obras ou que era liberal ao pecado, quando na verdade ele pregava as obras que provém da fé, ou seja, que são um fruto dela. Lutero era contra as obras como CAUSA da salvação, como os católicos pregavam e como já vimos que é uma doutrina falsa. Mas ele era totalmente a favor das obras “da fé”, isto é, daquelas que provém da fé salvífica.

Aí veio os católicos e disseram que Lutero proibia toda e qualquer obra e que era a favor do pecado! Infelizmente Lutero, já morto, não pode se levantar do túmulo para refutar essas calúnias, mas felizmente temos este texto escrito por Lutero ainda vivo sobre as acusações semelhantes que eram feitas contra ele naquela época. Portanto, temos documentado aquilo que Lutero diria se estivesse entre nós hoje, o que refuta as suas acusações sobre ele, que você viu em algum site católico destes que estão por aí.


8. Sobre os apócrifos, este é outro tema que eu não pretendo me alongar muito. Mas você pensa da mesma forma que a totalidade dos católicos – que Lutero RETIROU estes livros da Bíblia, quando na verdade, os próprios doutores católicos da época rejeitavam tais livros apócrifos. Sobre isso confirma TODAS as informações historicamente confirmadas e passadas por escrito. Vejamos algumas dessas citações dos mais famosos, ao longo dos séculos:

JERÔNIMO

"Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor [supõe-se que seja o Pastor de Hermas], não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito em Grego, conforme testifica sua própria linguagem" ("Prologus Galeatus")

“E assim há também vinte e dois livros do Antigo Testamento; isto é, cinco de Moisés, oito dos profetas, nove dos hagiógrafos, embora alguns incluam Ruth e Kinoth (Lamentações) entre os hagiógrafos, e pensam que estes livros devem contar-se por separado; teríamos assim vinte e quatro livros da Antiga Lei” (Prefácio aos Livros de Samuel e Reis. Em Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 489-490)
"E assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja" ("Prefácio dos Livros de Salomão")

"Para os católicos, os apócrifos são certos livros antigos, semelhantes a livros bíblicos, quer do N.T, quer do V.T, o mais das vezes atribuídos a personagens bíblicos, mas não inspirados, como os livros canônicos, e nem escritos por pessoas fidedígnas nem de doutrina segura" (Introdução Geral a Vulgata Latina, p.9)

“Como a Igreja lê os livros de Judite e Tobite e Macabeus, mas não os recebe entre as Escrituras canónicas, assim também lê Sabedoria e Eclesiástico para a edificação do povo, não como autoridade para a confirmação da doutrina” (Prefácio aos Livros de Samuel e Reis. Em Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 489-490)

“Que [Paula] evite todos os escritos apócrifos, e se ela for levada a lê-los não pela verdade das doutrinas que contêm mas por respeito aos milagres contidos neles, que ela entenda que não são escritos por aqueles a quem são atribuídos, que muitos elementos defeituosos se introduziram neles, e que requer uma perícia infinita achar ouro no meio da sujeira” (Epístola 107:12 - Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 194)
ORÍGENES

“Ao explicar o salmo primeiro, ele [Orígenes] faz uma exposição do catálogo das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento, escrevendo textualmente como segue: "Não se pode ignorar que os livros testamentários, tal como os transmi¬tiram os hebreus, são vinte e dois, tantos como o número de letras que há entre eles." Logo, depois de algumas frases, continua dizendo: "Os vinte e dois livros, segundo os hebreus, são estes: o que entre nós se intitula Gênesis, e entre os hebreus Bresith, pelo começo do livro, que é: No princípio; Êxodo, Ouellesmoth, que significa: Estes são os nomes; Levítico, Ouikra: E chamou; Números, Ammesphekodeim; Deuteronômio, Elleaddebareim: Estas são as palavras; Jesus, filho de Navé, Josuebennoun; Juízes e Rute, para eles um só livro: Sophtein; I e II dos Reis, um só para eles: Samuel, O eleito de Deus; III e IV dos Reis, em um: Ouammelchdavid, que significa Reino de Davi; I e II dos Paralipômenos, em um: Dabreiamein, isto é: Palavras dos dias; I e II de Esdras em um: Ezra, ou seja, Ajudante; Livro dos Salmos, Spharthelleim; Provérbios de Salomão, Meloth; Eclesiastes, Koelth; Cantar dos Cantares (e não, como pensam alguns, Cantares dos cantares), Sirassireim; Isaías, Iessia; Jeremias, junto com as Lamentações e a Carta, em um: Ieremia; Daniel, Daniel; Ezequiel, Iezekiel; Jó, Iob; Ester, Esther. E além destes estão os dos Macabeus, que são intitulados Sarbethsabanaiel" (Citado por Eusébio em “História Eclesiástica”, Livro VI, Cap.25)
RICARDO DE SÃO VÍTOR

“Os livros apócrifos de Sabedoria, Eclesiástico, Tobias, Judite e os Macabeus, apesar de autorizados para a leitura na Igreja, não foram recebidos como canônicos” (Ricardo de São Vítor, Tractatus Exceptionum: Qui continet originem et discretionem artium, situmque terrarum, et summam historiarum; distinctus in quatuor libros. Livro II, Capítulo IX. De duobus Testamentis)

PEDRO CELÊNSIO

“O cânon do Velho Testamento consiste de vinte e quatro livros” (Pedro Celênsio, De Panibus. Cap 2)

RUPERT DE DEUTZ

“O livro de Sabedoria não é canônico” (Rupert de Deutz, Comentário em Gênesis, Livro III, Capítulo 31)
NICOLAS DE LYRA

“Quando se trata de legitimar o uso do argumento bíblico, Nicolas não somente seguiu a visão comum das escolas por evitar interpretações místicas, mas também o uso de livros deuterocanônicos... Para Nicolas, os livros deuterocanônicos, como interpretações místicas, eram úteis apenas para instrução moral. Em sua Postilla litteralis em Esdras 1:1, Nicolas justificou saltar Tobias, Judite e Macabeus até que ele tenha comentado os livros canônicos” (Nicholas of Lyra, Postilla literalis in librum Edsrae, BIBLIA SACRA (Lyon, 1589) vol. 2, col. 1276)

“A segunda forma de demonstração é pela autoridade das santas e canônicas Escrituras. Eu digo ‘canônicas’ por causa dos livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico e Macabeus, cuja autoridade não é eficaz para provar nada que vem em disputa, como Jerônimo diz em seu Prólogo de Capacete, colocado antes do livro de Reis” (Secundus per auctoritates sacre scripture canonice)

WILLIAM DE OCKHAM

“De acordo com Agostinho, como é mantido em Distich IX em vários capítulos, A Sagrada Escritura deve ser estabelecida antes das letras e escritos de todos os bispos e outros. Assim como temor e honra devem ser oferecidos aos escritores sagrados da Bíblia, de forma que não se creia que eles erraram em nada, tal temor e honra não deve ser oferecido a ninguém além deles. De acordo com Jerônimo no prólogo aos livros de Provérbios e Gregório na Moralia, os livros de Judite, Tobias e Macabeus, Eclesiástico e Sabedoria não devem ser tomados para confirmar qualquer elemento de fé. Pois Jerônimo diz, como diz Gregório: a Igreja lê os livros de Judite, Tobias, e Macabeus, mas não aceitam eles entre as escrituras canônicas” (Guillelmus de Occam O.F.M., Opera Plurima (Lyon, 1494-1496)
CARDEAL CAJETANO

“Aqui fechamos nossos comentários dos livros históricos do Velho Testamento. Sobre o resto (ou seja, Judite, Tobias e os livros de Macabeus) são contados por São Jerônimo fora dos livros canônicos, e são colocados junto com os Apócrifos, junto com Sabedoria e Eclesiástico, como se deixa claro no Prologus Galeatus. Não fique perturbado, como um estudioso novato, se você encontrar em qualquer lugar, ou nos sagrados concílios ou sagrados doutores, estes livros reconhecidos como canônicos. Pois as palavras bem como os concílios bem como doutores devem ser reduzidos à correção de Jerônimo. Agora, segundo seu julgamento, na epístola aos bispos Cromácio e Heliodoro, estes livros (e qualquer outro livro igual no cânon bíblico) não são canônicos, ou seja, não possuem a natureza de uma regra para confirmar questões de fé. Com a ajuda desta distinção você pode ver seu caminho claramente através do que Agostinho diz, e pelo que está escrito no concílio provincial de Cartago” (Cajetano, Comentário em todos os autênticos Livros Históricos do Velho Testamento, no ultimo Capítulo de Esther)

GREGÓRIO, O GRANDE

“Com referência a qual particular nós não estamos agindo de forma irregular, se dos livros, apesar de não canônicos, ainda trazidos para a edificação da Igreja, nós trouxermos testemunho. Assim Eleazar na batalha golpeou e derrubou um elefante, mas caiu debaixo da própria besta que matou (1 Macabeus 6.46)” (Fonte: http://www.lectionarycentral.com/GregoryMoralia/Book19.html)
RADULFO FLAVICÊNCIO
“Nas Sagradas Escrituras, há quatro tipos de discurso: histórico, profético, proverbial e simples. História está relatando fatos passados, como nos cinco livros de Moisés. Nisto, apesar dos temas a respeito dos quais são escritos estarem cheios de figuras, não obstante o legislador declara estas coisas serem ordenadas pelo Senhor, ou cumpridas por ele mesmo ou seu povo. Da mesma forma, os livros de Josué, Juízes, Rute, Reis, Crônicas, Esdras, Ester, os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos pertencem à história sagrada. De Tobias, Judite e Macabeus, apesar deles serem lidos para a instrução da Igreja, no entanto não possuem completa autoridade” (Radulfo Falvicêncio, Comentário em Levítico, Prefácio ao livro XIV)

JOÃO DE SALISBURY

“E assim eu fico feliz de tomar para você as questões propostas, e respondê-las, com permissão feita para minhas presentes oportunidades e tarefas urgentes, não como eu deveria, mas tão bom quanto eu puder por enquanto. As questões foram: qual você acredita ser o número dos livros do Velho e Novo Testamento, e quem são seus autores... Sobre o número dos livros eu me encontrei lendo diversas e numerosas opiniões dadas pelos pais; e assim eu sigo Jerônimo, professor da Igreja Católica, de quem eu mantenho ser a testemunha mais segura em estabelecer a base da interpretação literal. Assim como é aceito que há vinte e duas letras no alfabeto hebraico, assim acredito sem sombra de dúvidas que há vinte e dois livros no Velho Testamento, divididos em três categorias” (Letters of John of Salisbury, W.J. Millor S.J. e C.N.L. Brooke, editores - Oxford: Clarendon, 1979 -, Carta 209, páginas 317, 319, 321, 323, 325)
HUGO DE SÃO VÍTOR

“A primeira subseção do Velho Testamento é a lei, que os hebreus chamam de thorath, contém o Pentateuco, que são os cinco livros de Moisés. Nesta subseção o primeiro é Beresith, que é Gênesis; segundo Hellesmoth, que é Êxodo; terceiro é Vagethra, que é Levítico; quarto Vagedaber, que é Números; quinto Elleaddaberim, que é Deuteronômio. A segunda subseção é a dos profetas e contém oito textos. O primeiro é Bennum, que é, Filho de Nun, que é chamado de Josué e Jesus e Jesus Nave.O Segundo é Sathim, que são os Juízes; terceiro Samuel, que é primeira e segunda Reis; quarto Malaquias, que é terceira e quarta Reis; quinto Isaías; sexto Jeremias; sétimo Ezequiel; oitavo Thereasra, que são os doze profetas. A terceira subseção tem nove livros. Primeiro é Jó, segundo Davi, terceiro Masloth, que em grego é Parabolae mas em latim é Provérios, isto é de Salomão; quarto Coeleth, que é Eclesiastes; quinto Sirasirim, que é o Cântico dos cânticos; sexto Daniel, sétimo Dabreiamin, que são as Crônicas; oitavo Esdras; nono Ester. Todos eles se somam vinte e dois. Além disto, há alguns outros livros, tais quais a Sabedoria de Salomão, o livro de Jesus filho de Siraque, e o livro de Judite, Tobias e o livro dos Macabeus que são lidos mas não são considerados no cânon. A estes vinte e dois livros do Velho Testamento... Então os escritos dos santos pais, que são Jerônimo, Agostinho, Ambrósio, Gregório, Isidório, Orígenes, Beda e os outros doutores, que são incontáveis. Estes escritos patrísticos não são contados no texto das Santas Escrituras, assim como no Velho Testamento, como temos dito, há certos escritos que não estão inscritos no cânon e ainda são lidos, como a Sabedoria de Salomão, etc. E assim o texto das Sagradas Escrituras, como um corpo inteiro, é principalmente contido em trinta livros, vinte e dois destes são reunídos no Velho e oito no Novo Testamento” (Hugo de São Vítor, De Scripturis et Scriptoribus Sacris)
“Estes são todos, que são cinco e oito e nove, fazendo vinte e dois, assim como o número das letras no alfabeto hebraico, assim que a vida do justo possa ser instruída no caminho da salvação por tantos livros quanto as letras educam as línguas do inteligente em eloquência. Há alguns outros livros além destes no Velho Testamento, que são algumas vezes lidos, mas eles não estão inscritos no corpo do texto ou no cânon autorizado, tais quais os livros de Tobias, Judite, e os Macabeus, e um chamado a Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. O Novo Testamento contém os Evangelhos, Apóstolos e Pais. Há quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Da mesma forma há quatro volumes dos escritos apostólicos: o ato dos Apóstolos, as Epístolas de São Paulo, as Epístolas Canônicas e o Apocalipse, que são adicionadas aos vinte e dois livros do Velho Testamento mencionados acima fazendo trinta, e as Sagradas Escrituras estão completas em seu corpo. Os escritos dos Pais não são contados no corpo deste texto, porque eles não adicionam nada a ele, mas eles explicam o que está contido nos mencionados acima, e eles os extendem mais amplamente e os fazem mais claros” (Hugo de São Vítor, De sacramentis. Prólogo, Cap. VII)

“Hugo de São Vítor... enumera os livros da Bíblia hebraica em um capítulo ‘Sobre o número dos livros nos escritos sagrados’ e continua dizendo: ‘Há também no Velho Testamento certos outros livros que são de fato lidos [na igreja] mas não são inscritos no corpo do texto ou no cânon de autoridade: tais são os livros de Tobias, Judite e os Macabeus, a chamada Sabedoria de Salomão e Eclesiástico’. Aqui, é claro, a influência de Jerônimo pode ser discernida: para estudantes medievais da Bíblia na igreja latina não havia mestre a ser comparado com ele” (F.F. Bruce, The Canon of Scripture - Downers Grove: Intervarsity, 1988 -, páginas 99-100)

ANTONINO

“Os judeus,... de acordo com Jerônimo em seu prólogo Galeatus... criaram quatro divisões dos livros do Velho Testamento. A primeira eles chamam de Lei... a segunda de Profetas,... a terceira de Hagiografia,... a quarta (que os judeus não colocam no cânon das Escrituras Sagradas mas chamam de Apócrifos) eles fazem com os outros cinco livros, a saber, Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias e Macabeus, que é dividido em dois livros; a respeito destes cinco livros Jerônimo diz em seu prólogo a Judite, que sua autoridade é julgada menos que apropriada para fortalecer aquelas coisas que vierem em disputa... E Tomás diz a mesma coisa na Secunda secundae, e Nicolas de Lyra em Tobias, a saber, que eles não possuem tal autoridade, que não se pode ser argumentado de suas palavras o que pertence à fé, como outros livros das Escrituras Sagradas. Daí, talvez, eles possuem tanta autoridade quanto as palavras dos sagrados Doutores aprovados pela Igreja” (Sancti Antonini, Archiepiscopi Florentini, Summa Theologica, In Quattuor Partes Distributa, Pars Tertia, Tit xviii, Cap vi, Sect 2, De Dilatatione Praedicationis, Col 1043-1044)

Portanto, não foram os evangélicos que retiraram sete livros da Bíblia, mas os católicos que acrescentaram naquele mesmo Concílio de Trento, que, como vimos, disse um monte de bobagem, mas todo mundo tem que crer em submissão absoluta à sua suposta “infalibilidade”.


9. Você também argumentou que “os apóstolos utilizavam a versão que trazia esses livros a mais” (presumo que você esteja se referindo à Septuaginta), mas infelizmente se esqueceu de mencionar que ela também trazia muitos outros livros que JAMAIS foram aceitos pela Igreja Católica! E aí, como que fica?

Se você quiser sustentar este frágil argumento e levá-lo adiante, terá também que sustentar a plauseabilidade e veracidade de inúmeros livros que NUNCA foram aceitos pela ICAR e também que RETIRAR livros apócrifos que os católicos consideram “canônicos”, porque não estão inseridos nos mais antigos códices da Septuaginta! Se nos limitarmos aos mais antigos códices da Septuaginta que se conservam, ou seja o Alexandrino (A), o Vaticano (B) e o Sinaítico (C), vemos que:

(A) O Códice Alexandrino, do século V, inclui as adições gregas a Ester e Daniel, Baruc, Tobite, Judite, 1 e 2 Macabeus, a Sabedoria de Salomão, e a Sabedoria de Jesus ben Sirá (Eclesiástico). Mas também inclui livros que a Igreja Católica nunca admitiu como canônicos, a saber: 1 Esdras (não confundir com o Esdras canônico), 3 e 4 Macabeus e, no Novo Testamento, 1 e 2 Clemente e os Salmos de Salomão.

(B) O Códice Vaticano, do século IV, inclui a Sabedoria, o Eclesiástico, adições a Ester e Daniel, Judite, Tobite, Baruc com a epístola de Jeremias, mas também 1 Esdras, nunca aceito como canônico, e exclui os livros dos Macabeus.

(C) O Códice Sinaítico, também do século IV, inclui Tobite, Judite, 1 Macabeus e ambas as Sabedorias. Faltam Baruc e 2 Macabeus, mas estão 4 Macabeus e, no NT, a Epístola de Barnabé e um fragmento de O Pastor de Hermas, livros nunca tidos por canônicos pela Igreja Católica.

Fernando Saraví, em seu blog “Conhecereis a Verdade”, resume a questão da seguinte maneira:

“Portanto, a presença dos livros eclesiásticos/deuteros/apócrifos nestes códices não é mais garantia da sua canonicidade do que a de 3 e 4 Macabeus, 1 Esdras, 1 e 2 Clemente, a Epístola de Barnabé ou O Pastor de Hermas” (http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/01/o-canon-do-antigo-testamento.html)

Se fôssemos levar a sério a consideração católica de que os livros apócrifos devem ser aceitos por estarem na Septuaginta, então também deveríamos aceitar como canônicos os livros:

a. 1 Esdras (A e B)
b. 3 Macabeus (A)
c. 4 Macabeus (A e C)
d. 1 Clemente (A)
e. 2 Clemente (A)
f. Salmos de Salomão (A)
g. Epístola de Barnabé (C)
h. Pastor de Hermas (C)

E teríamos que retirar da Bíblia Católica os livros:

a. 1 Macabeus (B)
b. 2 Macabeus (B e C)
c. Baruc (C)

Em outras palavras, vocês fariam a maior confusão e salada de frutas na Bíblia de vocês se seguissem realmente esta linha argumentacional, que foi feita somente como uma “pegadinha” contra protestantes desinformados, mas que é facilmente destronável por qualquer um que tenha um mínimo de estudo e conhecimento.


10. Para terminar, quero agradecer novamente pela carta enviada e por ter me dado a oportunidade de ter descorrido um pouco mais sobre pontos importantes da fé cristã, incluindo alguns pontos que eu não havia discorrido antes no site. Quero agradecer também por ter escrito tudo por conta própria e não ter copiado nada da internet, como SEMPRE costumam fazer aqui, e que eu tenho o maior tédio de ficar refutando cópias (que na maioria das vezes nem a própria pessoa que copiou aquilo realmente leu tudo, mas querem que eu refute aquilo que nem eles mesmos leram, nem tampouco escreveram). Agradeço pela personalidade que você demosntrou aqui, com argumentos próprios e não copiados de qualquer lugar.

Não quero que você se sinta intimidado e deixe de enviar cartas somente por causa desta resposta. Este é somente um debate de ideias, onde um argumenta e o outro refuta. Se no final as suas colocações fizerem mais sentido, eu terei os meus argumentos sendo refutados e você verá que a sua fé realmente é sustentável; se, porém, as minhas refutações e argumentações através da lógica, da Sagrada Escritura e dos pais da igreja estiverem corretas, então é sensato e de bom senso que você siga o caminho da Verdade, antes que o caminho que conduz à Roma.

Um grande abraço e que Deus lhe abençoe.

Por Cristo e por Seu Reino,

Lucas Banzoli.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Festa dos Tabernáculos (Sucôt ou Cabanas)
Dentre as três grandes festas comandadas por Deus, a Festa dos Tabernáculos é a de  maior significado profético para nós cristãos. É comemorado no décimo-quinto dia do mês de Tishri, duas semanas após Rosh Hashanah e, usualmente, cai final de Setembro ou princípio de Outubro.

1 – SIGNIFICADO HISTÓRICO
“Disse mais o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa convocação: nenhuma obra servil fareis. Sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; no dia oitavo tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.

São esta as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifícios e libações, cada qual em seu dia próprio; além dos sábados do Senhor, e das vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao Senhor.

Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo, haverá descanso solene. No primeiro dia tomareis para vós outros fruto de árvores formosas, ramos de palmeira, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e, por sete dias, vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus. Celebrareis esta como festa ao Senhor por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas de ramos; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito: Eu sou o Senhor vosso Deus”.   (Levítico 23.33-43).

A festa dos Tabernáculos ou Festa da Colheita era originalmente uma festa agrícola, assim como a Páscoa e Pentecoste. Apesar disso Deus lhe atribui um significado histórico: a lembrança da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida.
A palavra “tabernáculo” origina-se da palavra latina “tabernaculum” que significa “uma cabana, um abrigo temporário”. No original hebraico a palavra equivalente é Sucá, cujo plural é Sucot.
A Festa dos Tabernáculos durava uma semana e durante este período habitavam em tendas construídas com ramos.

É um tempo de regozijo e ação de graça.
Posteriormente, na história judaica, a Páscoa, Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos são chamadas no calendário judaico de Festas de Peregrinos, porque nestas três festas era exigido que todo homem judeu fizesse uma peregrinação até o Templo de Jerusalém. Nestas ocasiões o povo trazia os primeiros frutos da colheita da estação ao Templo, onde uma parte era apresentada como oferta a Deus e o restante usado pelas famílias dos sacerdotes. Somente após essa obrigação ser cumprida era permitido usar a colheita da estação como alimento.

A ordenança de Deus para que o povo habitasse em tendas traz conotações de caráter moral, social, histórico e espiritual. Os rabinos falam da sucá como um símbolo de proteção divina. Em momentos de aflição pedimos ao Todo-Poderoso que nos “abrigue em sua tenda” (Salmo 27.5). A sucá é um chamado contra a vaidade e um apelo à humanidade. Mesmo o mais poderoso dos homens deve viver durante sete dias numa habitação primitiva e modesta, conscientizando-se da impermanência das posses materiais. Mais ainda, deve compartilhar essa moradia com todos os desprivilegiados a seu redor: “seus servos, o estrangeiro, o orfão e a viúva que estiverem dentro dos seus portões”. (Deuteronômio 16.14).

Por ser pequena, sem compartimentos a sucá obriga seus moradores a se aproximarem, física e afetivamente, e talvez os inspire a se manterem mais unidos nos outros dias do ano.

De acordo com a Lei, a cobertura da sucá deve ser feita de tal forma que através dela se possam ver as estrelas. Resulta um teto pelo qual se infiltram a chuva e o vento, mas pelo qual também penetra a luz do sol. A sucá é o modelo de um verdadeiro lar: sem uma estrutura sofisticada, sem decoração luxuoso, mas cheia de calor, tradição e santidade. Um lar deve ter espiritualidade, deve ter uma vista para o céu.

A sucá é um abrigo temporário, improvisado, construído às pressas. E, no entanto, ela é um símbolo de permanência e continuidade. É tão frágil, tão precária, tão instável e, no entanto, sobreviveu a tantos impérios, tantas revoluções porque na verdade seu sustento é divino. É somente o Senhor quem nos pode sustentar!

A sucá é uma construção rústica cuja cobertura é feita de produtos da terra – fácil de se obter. Inclui ramos, arbustos, palha e mesmo ripas de madeira. Frutas, vegetais e outros alimentos não são usados.
O povo judeu tomou as palavras de Deus em Levítico 23 “habitareis” em seu sentindo literal. Eles interpretaram a palavra “habitar” como significando que se devia comer e dormir na sucá, e não apenas construí-la. Nenhuma bênção é recitada quando se constroi a sucá, pois a ordem fundamental é “habitar” na sucá e não meramente construí-la. Uma bênção é recitada imediatamente antes de comer e dormir na sucá.

O uso de quatro espécies de plantas é prescrito em Levítico 23.40: “…tomareis fruto de árvores formosas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeira…” A Bíblia não especifica com precisão quais as espécies de árvores e frutas devem ser usadas. As autoridades judaicas deduziram e a tradição consagrou que “a fruta de árvore formosa” significa a cidra (etrog); “ramos de palmeiras” seriam ramos da tamareira (lulav); “ramos de árvores frondosas” referindo-se ao mirto (hadassim); e “salgueiros de ribeira” ao familiar salgueiro (aravot). Essas quatro espécies formam o molho de sucot que seguramos e abençoamos em cada dia da semana durante a Festa dos Tabernáculos.

Diariamente, durante a semana de sucot (exceto no Shabat), pegamos na mão direita as três espécies de ramos, na mão esquerda a cidra, recitamos uma bênção, em seguida juntamos as mãos e agitamos o molho para todos os lados, para cima e para baixo – manifestando nossa alegria e indicando que a presença de Deus está em toda a parte.

A Festa dos Tabernáculos tinha dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada ao louvor e ações de graça. O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco, instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118 – (Hallei) especialmente as palavras messiânicas do Salmo 118, versos 25 e 26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.

Esse ritual de derramamento de água simbolizava ações de graça pela chuva que possibilitou a colheita do ano. Orações por mais chuva eram feitas para possibilitar a colheita da próxima estação.
Esse ritual simbolizava também a alegria espiritual e salvação.
A cada dia, durante o período da Festa, os sacerdotes rodeavam o grande altar de sacrifícios, uma vez, agitando suas palmeiras em todas as direções. Os ramos eram seguros juntos na mão direita, e a cidra, na mão esquerda.

No sétimo dia, chamado “Hoshana Rabbah” que significa “A grande Salvação”, os sacerdotes rodeavam o altar sete vezes, recitando o Salmo 118.
Durante os sete dias de sucot, o grande altar de sacrifício recebia um número de sacrifício maior do que em qualquer outra festa: 70 novilhos, 14 carneiros, 98 cordeiros e 7 bodes (Números 29.12-34).
Em relação aos 70 novilhos o Talmud ensina que “as setenta nações do mundo são representadas nas ofertas de expiação de Israel”.

Segundo ponto alto das comemorações eram os festejos. À noite, as multidões festejavam com banquetes e ainda cantavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Eram também colocadas tochas que iluminavam o átrio do Templo. Nesses momentos demonstravam sua gratidão a Deus desfrutando as boas coisas da vida e o prazer de gozarem a companhia uns dos outros.
Foi a essa festa que os irmãos de Jesus se referiram quando insistiram com Ele para que seguisse para Jerusalém (João 7.1-9). O Senhor rebateu suas palavras sarcásticas, mas depois, ocultamente, foi para Judéia. Durante a Festa, Ele deu ensinamentos e sofreu dura oposição por parte dos fariseus. Foi nessa ocasião que chamou os que tivessem sede para irem a ele e beber (João 7.37). Isso pode ter sido uma referência à água derramada no altar durante a Festa.

2 – O SIGNIFICADO PROFÉTICO
A Festa dos Tabernáculos tem um significado profético.
O profeta Amós, antevendo a vinda do Messias, escreveu: “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e, levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade”. (Amós 9.11).

O povo judeu ainda hoje aguarda a vinda do Messias. A preservação misteriosa de Israel pode ser para o cumprimento do propósito de Deus de Israel se tornar o “tabernáculo de Davi, seu Rei”.

Judeus e gentios podem ser incorporados à casa ou família de Deus e assim tornar-se Seu tabernáculo – Seu lugar de moradia com a aceitação do Messias. Devemos lembrar que Deus já havia feito provisão para a inclusão dos gentios crentes dentro da aliança mosaica “a mesma lei haja para o natural (israelita) e para o forasteiro (gentio) que peregrinar entre vós”. (Êxodo 12.49).

O profeta Zacarias predisse que na era messiânica: “Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos”. (Zacarias 14.16-21).

O profeta Miquéias profetizou: “… uma nação não levantará contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra”.(Miquéias 4.3).

A Festa dos Tabernáculos fala da alegria do Messias tabernaculando em nosso meio. É época de regozijo, de plenitude.

Podemos ver também Jesus, nosso Messias, tipificado no ritual do derramamento da água. No evangelho de João, capítulo 7, temos um relato da Festa dos Tabernáculos que foi a última que Jesus participou.

Podemos imaginar a cena grandiosa: o grande cortejo de sacerdotes vestidos de branco, os levitas, os instrumentos, o derramamento da água no altar… e Jesus, em pé, nas sombras das grandes colunas do templo observando. Ele, o Eterno, o Filho de Deus, o Logos, a Palavra Viva que se fez carne, Aquele quem falou através da Lei dada no Monte Sinai para que se observasse a Festa dos Tabernáculos. Agora Ele estava ali, em pessoa, vendo a observância de uma ordenança Sua.

Assim que o cortejo passou com o clamor nos lábios do Salmo: “Ó Senhor, salva, Te pedimos…” Jesus se levanta e sua voz explode num grito carregado de misericórdia: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. (João 7.37-38).

Ali estava em pessoa Aquele de quem os profetas haviam falado. Ele era o cumprimento de todas as promessas. O Messias veio e tabernaculou entre nós. (João 1.14).

“Ah! Todos vós os que tendes sede, vinde às águas; e vós os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e azeite. Porque gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom, e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis promessas a Davi”. (Isaías 55.1-3).

Através de Seu Espírito que seria derramado em vasos humanos Deus promete tirar de nós o coração de pedra e nos dar uma nova natureza.

“Porque derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes”. (Isaías 44.3).

“O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas não faltam”. (Isaías 58.11).

“E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. Até sobre vossos servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumo. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no Monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar”.   (Joel 1.28-32).

RESUMO PROFÉTICO DA FESTA DE TABERNÁCULO